O Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília, pretende julgar, na próxima semana, o dissídio dos trabalhadores rodoviários do Estado. A corte deve decidir se opta pelo aumento concedido pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Pernambuco – 12% no salário e 59,5% no tíquete alimentação – ou se unifica o percentual dos dois reajustes em 9%. O anúncio foi feito ontem, pelo ministro Ives Gandra Filho, responsável por acolher o recurso do Sindicato das Empresas de Transporte Público (Urbana) contra o aumento concedido aos motoristas e cobradores do sistema metropolitano.
O ministro deixou claro ser muito difícil, no atual contexto de crise econômica por que passa o País, conceder aumentos reais de salário, independentemente da categoria. “Conseguir repor a inflação já é um grande avanço para qualquer trabalhador no Brasil”, explica. Segundo Gandra, para que haja ganhos reais no salário é preciso provas de que o setor em que a categoria trabalha teve um grande aumento de produtividade. “O que não é o caso do segmento rodoviário em Pernambuco”.
Até o julgamento do dissídio, a população deve ser assolada pela incerteza quanto à circulação de ônibus no Grande Recife. Tudo por causa do racha no Sindicato dos Rodoviários: a direção afirma não pensar em protestos, mas uma dissidência da entidade prega paralisações da categoria. De acordo com Genildo Pereira, assessor de Comunicação do Sindicato dos Rodoviários, a maioria dos motoristas e cobradores não pretende parar de novo nos próximos dias. “Estamos em negociação com o governo do Estado para melhorias no setor, e aguardando a definição do Tribunal Superior do Trabalho com relação ao dissídio dos trabalhadores. Até lá, o momento é de calma, e nenhuma manifestação deve ser feita sem a aprovação do sindicato, que é quem representa a categoria”. Representantes do Sindicato estiveram, na manhã de ontem, na sede do Tribunal Regional do Trabalho, no Cais do Apolo, área central do Recife, para manifestar apoio à decisão pelo aumento de 12% no salário e 59,5% no tíquete alimentação.
Já o representante da oposição à direção da entidade, Aldo Lima, deixa em aberto a possibilidade de novas ações na Região Metropolitana. “Temos tempo até o julgamento para avaliar se vamos realizar novos protestos. Mas as paralisações são espontâneas, não podemos controlar uma categoria tão insatisfeita como a dos rodoviários. Hoje (ontem) foi absurda a postura de colocar PMs nas garagens. E foi difícil segurar o pessoal. A categoria quer parar. Mas no momento não queremos confronto, nem expor os rodoviários ou caracterizar qualquer ato de vandalismo”.