BARBÁRIE

Menor confessa ter atirado contra professor

Adolescente de 17 anos foi liberado no final da tarde de ontem

Da editoria de Cidades
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Da editoria de Cidades
Publicado em 13/08/2015 às 5:46
Guga Matos/JC Imagem
Adolescente de 17 anos foi liberado no final da tarde de ontem - FOTO: Guga Matos/JC Imagem
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O principal suspeito de ter feito os disparos que mataram o professor José Renato de Souza, 39 anos, no início da noite do último domingo, é um menor de 17 anos. V. aparece nas imagens do circuito de segurança do restaurante Galetus, no bairro do Cordeiro, Zona Oeste da cidade, atirando duas vezes no momento em que a vítima consegue fugir dos quatro assaltantes que tentavam roubar o estabelecimento. Acompanhado da mãe e da advogada, ele se apresentou na tarde de ontem na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), também no Cordeiro. 

“Ele confessa que disparou duas vezes, mas não sabe se foram esses os tiros que atingiram o professor”, afirma a advogada de V., Cícera Lins. Ele aguardará em liberdade até a Justiça se pronunciar sobre um eventual recolhimento a uma unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Estado (Funase). A pena máxima que V. pode pegar, caso a Justiça entenda que ele foi o responsável pela morte do professor, é de três anos.

As suspeitas recaem sobre V. pois, além das imagens mostrarem que ele atira contra José Renato do lado de fora do Galetus, a própria advogada afirma que só havia duas armas no assalto: o revólver utilizado pelo menor e a espingarda calibre .22 que estava em poder de Marcelo Henrique dos Santos Silva, de 23 anos, detido pela Polícia na noite de terça-feira, no município de Barreiros, no Litoral Sul do Estado. Nas imagens, Marcelo chega a dar coronhadas no professor, mas a arma está “quebrada” (na linguagem policial, aberta para a colocação de munições). 

Ao delegado Bruno Magalhães, responsável pelas investigações, V. afirmou que atirou no calor do momento, e que estaria arrependido. “O fato é público e notório, ele (V.) não tem como se eximir da responsabilidade. Por isso se apresentou à Polícia”, conclui a advogada.

Suspeito que aparece nas imagens do assalto empunhando a espingarda .22, Marcelo Henrique dos Santos Silva, passou o dia na sede do DHPP. Por volta de 15h30 de ontem, ele saiu para fazer exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro, na área central da cidade. Até o fechamento da edição, a prisão preventiva de Marcelo ainda não tinha sido expedida pela Justiça.

Em um áudio gravado por policiais militares, o suspeito confessa participação no assalto, mas nega ter disparado contra José Renato. Ele afirma ter sido V. o autor do crime, corroborando as principais suspeitas. “Chegamos no local em uma moto e uma (cinquentinha) Shineray. Eu entrei e fui logo para o caixa. Quando vi, foram os tiros. Eu me desesperei e corri. Depois cada um foi pro seu canto. Eu ia me entregar, precisava saber onde estavam os outros. As armas foram uma (espingarda) 22 e um revólver. Estão todos lá na casa de Silva, que fica por trás do (hospital) Getúlio Vargas”, diz Marcelo, no áudio divulgado através do Whatsapp. “Silva” e “Well da Mangueira” são os outros dois suspeitos de terem participado do assalto. Eles continuavam foragidos até o final da noite de ontem.

De acordo com um parente de V., que não quis se identificar, Marcelo e o menor estavam juntos numa festa de família, na localidade de Aldeia, município de Camaragibe, no Grande Recife, no dia do crime. “Por volta das 14h30, os dois saíram da festa, mas eu não sabia que era pra isso, mesmo suspeitando que ele (V.) já estava aprontando. Conselho da família não faltou para que ele não entrasse nessa vida, mas não adiantou”, comenta.

Ainda segundo esse parente, V. morava com a avó em Camaragibe, na Região Metropolitana, estudava na Escola Nelson Chaves, na bairro da Tabatinga, e fazia bicos como ajudante de pedreiro. “Marcelo tinha saído da prisão há dois meses, foi quando eles se conheceram”, completa.

O radialista José Roberto Souza, irmão da vítima, também esteve no DHPP para levar ao delegado Bruno Magalhães um projétil encontrado no interior do carro do professor. “Não vi os suspeitos e nem quero vê-los. Ainda é tudo muito dolorido. Só quero que a Polícia conclua seus trabalhos o mais rápido possível e que a Justiça funcione no sentido de afastar essas pessoas do convívio em sociedade. Agora é o meu irmão, amanhã é qualquer um de nós”, afirma.


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