Ambulantes por todos os lados, trabalho infantil, insegurança, falta de recursos. As mazelas do transporte metroviário do Grande Recife serão tratadas em duas audiências públicas que acontecem na próxima semana, no Recife e em Brasília. Entre as questões a serem discutidas, a de uma possível divisão tarifária dos recursos dos terminais do Sistema Estrutural Integrado (SEI), já que quase metade dos passageiros do metrô é oriunda dos terminais de ônibus.
O tema deve gerar polêmica na audiência que ocorrerá na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), na próxima segunda-feira (31)), a partir das 9h, convocada pela Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular. Entre os convidados estão representantes do governo, da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Recife, do MPPE e das empresas de ônibus (Urbana-PE). Na terça-feira (1º), novo encontro acontece na Câmara dos Deputados, em Brasília. Os dois eventos foram provocados pelo Sindicato dos Metroviários (Sindmetro) e serão sucedidos por uma assembleia para a categoria avaliar a possibilidade de uma greve.
O presidente do Sindmetro, Diogo Morais, avalia que todos os problemas do sistema são provocados pela falta de recursos. “A questão dos ambulantes tem a ver com a insegurança, que, por sua vez, está diretamente ligada à falta de investimentos”, observa. “Em 2010, com metade dos passageiros que transporta hoje, o metrô do Recife recebia R$ 130 milhões do Governo Federal ao ano. Hoje recebe R$ 90 milhões, mesmo tendo praticamente dobrado também o número de vagões”.
De acordo com Morais, os recursos arrecados com a venda de bilhetes representam apenas 19, 9% do custo do sistema. “O restante deveria ser coberto pelo Governo Federal, mas o que temos visto é dificuldade em reposição de peças para manutenção dos trens, falta de pessoal, acordos financeiros não cumpridos, fardamento faltando”.
Na quinta-feira, houve reunião com o promotor do trabalho do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) Humberto Graça. “Há dois anos apresentamos um dossiê sobre a atuação dos ambulantes e trabalho infantil. Foi aberto um inquérito civil e ainda sertão chamadas as partes envolvidas”, diz.
A questão da segurança é o que tem pesado mais. “É um caso atrás do outro. Esta semana houve uma morte próximo ao Centro de Manutenção de Cavaleiro. Os metroviários estão com medo, querem parar”, informa. A CBTU/Recife esclarece que a pessoa foi alvejada fora do metrô e que, ao pular o muro, já caiu morta dentro da área do sistema.