CRIME BÁRBARO

Professor foi torturado e morto por alunos, diz Polícia Civil

Inquérito aponta que jovens de 19 e 17 anos foram responsáveis pela morte de José Bernardino da Silva Filho, o Betinho

Do JC Online
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Publicado em 01/10/2015 às 6:15
Roberta Soares/JC
Inquérito aponta que jovens de 19 e 17 anos foram responsáveis pela morte de José Bernardino da Silva Filho, o Betinho - FOTO: Roberta Soares/JC
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O coordenador do Colégio Agnes, José Bernardino da Silva Filho, de 49 anos, teve o pescoço amarrado por um fio elétrico e foi torturado antes de morrer, vítima de pancadas no rosto desferidas com um ferro de passar roupas. A Polícia Civil apresentou ontem o resultado das investigações sobre o caso e concluiu que os dois autores do crime foram Ademário Gomes da Silva Dantas, de 19 anos, e um adolescente de 17 anos, ambos alunos do Agnes. Ademário, que é filho do diretor da unidade, o pastor Edson Dantas, foi indiciado por homicídio qualificado e pode pegar até 30 anos de prisão. O adolescente responderá por medida socioeducativa relativa a homicídio e, caso condenado, ficará no máximo três anos em uma unidade da Funase. A prisão preventiva de Ademário também foi pedida à Justiça ainda durante o dia de ontem.

Conhecido como Betinho, o coordenador foi achado morto em seu apartamento, no edifício Módulo, no bairro da Boa Vista, na noite do dia 16 de maio. O delegado Alfredo Jorge, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), alega que a motivação do crime pode estar no celular da vítima, que até hoje não foi encontrado. Os policiais acharam uma câmera de vídeo onde Betinho tinha registrado imagens de filmagens feitas no aparelho celular, como uma espécie de backup (cópia de segurança). “Um desses filmes feitos no telefone mostra o coordenador fazendo sexo oral em um jovem moreno e atlético, cujo rosto não é possível identificar. É também possível ver que Betinho acessava sites com conteúdo de pedofilia, mostrando inclusive cenas de crianças fazendo sexo oral em adultos”, afirma Alfredo. Ele acredita que o celular do professor esteja escondido ou destruído.

As impressões digitais do adolescente estão no ferro de passar, sugerindo que ele desferiu os golpes contra o rosto de Betinho. As de Ademário foram encontradas em um móvel do apartamento do professor. Os dois negam que tenham estado no local, assim como qualquer outra participação no assassinato. 

Para chegar à conclusão do inquérito, o delegado ouviu cerca de 40 pessoas, e os principais suspeitos prestaram mais de um depoimento. As ouvidas resultaram em um terceiro indiciamento, o de Wenderly Gomes de Castro, de 46 anos, por falso testemunho. Ela alegou ter ouvido a confissão de dois outros jovens – Raphael Thorpe, que mantinha relacionamento com Betinho e encontrou o corpo do professor, e  Richard Breno, que costumava frequentar o apartamento – sobre o assassinato. “Foi uma manobra dos advogados de defesa no sentido de atrapalhar a investigação”. Thorpe e Breno, segundo a polícia, não participaram do crime. O primeiro teria um caso com o professor mediante pagamento e seria o responsável por viciá-lo em crack. 

O advogado de Ademário Gomes Dantas, Marcos Antônio da Silva, preferiu não se pronunciar sobre a conclusão do inquérito da Polícia Civil. “Quero primeiro ter acesso à peça para emitir qualquer opinião. Não sabemos que provas foram utilizadas”. Segundo ele, Ademário está tranquilo e esperando a oportunidade de provar inocência. 


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