A Orquestra Criança Cidadã, projeto social fundado no Recife em 2006, é a mais nova integrante do Programa de Escolas Associadas da Unesco, uma rede mundial que trabalha pela cultura da paz. E torna-se a primeira instituição de ensino de Pernambuco e primeira escola de música da América Latina a receber o certificado internacional.
Leia Também
Com o selo da Unesco, a orquestra espera conseguir mais apoio para dar continuidade às atividades com crianças e adolescentes carentes do Coque, na área central do Recife, e de Ipojuca, na Região Metropolitana. O título também deverá facilitar o intercâmbio de alunos e treinamento para professores.
A notícia foi divulgada durante a 21ª Edição do Encontro Nacional do Programa das Escolas Associadas da Unesco, realizado em Curitiba (PR) de 30 de setembro a 2 de outubro. Mas a entrega oficial do certificado será realizada numa assembleia da entidade, em 3 de novembro próximo, na cidade de Paris, capital francesa.
“Queremos levar uma parte dos músicos para a solenidade e precisamos de ajuda da sociedade. É importante mostrar a nossa escola e o rosto dos meninos”, diz Nilson Galvão Júnior, maestro da Orquestra Criança Cidadã. O coordenador-geral do projeto, João Targino, já está em busca de patrocínio.
A viagem ficou orçada em R$ 400 mil e, de acordo com Nilson, terá um desdobramento maior. “Nossa ideia é conciliar o evento de Paris com a gravação de um CD em Roma, um concerto para o papa e três apresentações em Israel”, explica. O dinheiro vai custear passagens, alimentação e hospedagem.
Dos 230 integrantes do projeto, no Coque, 45 vão participar da gravação do CD de uma artista japonesa, de 5 a 7 de novembro. A apresentação para o papa Francisco seria dia 8. Em seguida, o grupo faria os concertos em Jerusalém, Nazaré e Belém, a convite da Igreja Maronita (católica), que vai bancar a hospedagem e alimentação, informa.
Nove anos atrás, o projeto começou com cem alunos e apenas instrumentos de corda – violino, violoncelo e contrabaixo. Agora, falta só o trompete e o trombone para a equipe ser transformada em Orquestra Sinfônica. “Dois professores serão contratados até 2018 e em 2020 o objetivo estará realizado”, declara o maestro.
Além das aulas de música, de segunda-feira até o sábado, os jovens contam com apoio psicológico e educacional, alimentação, assistência social e jurídica, tratamento médico e dentário, diz o desembargador Nildo Nery, presidente da Associação Beneficente Criança Cidadã. A orquestra é um projeto da associação.
O Colégio Motivo, por exemplo, concede bolsa de estudo integral para os jovens músicos, no 3º ano do ensino médio. “Nossa parceria com instituições públicas e entidades privadas contribuíram para o reconhecimento da Unesco”, complementa Nilson Galvão.
“O sucesso que alcançamos, usando como instrumento a música, só foi possível graças ao apoio de fiéis parcerias”, afirma Nildo Nery. Ele destaca o Exército, que cedeu espaço físico no quartel da Cabanga, bairro da área central do Recife, para abrigar a escola musical.
Para o juiz João Targino, coordenador-geral da Orquestra Cidadã, esse é um título expressivo, vindo da Unesco. “O prêmio é um reconhecimento ao trabalho que fazemos no sentido da prevenção e da cultura da paz. Os grandes vencedores são os meninos da orquestra”, declara o magistrado.