Depois de anos tentando manter um dos projetos mais importantes da organização, o Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+), voltado para pessoas que convivem com HIV ou aids e profissionais do sexo (homens, mulheres, travestis, transexuais), fechou o Cozinha Solidária. As refeições, preparadas por mulheres trans em situação de vulnerabilidade social, eram vendidas no sistema self-service sem balança.
O restaurante, aberto ao público de segunda a sexta-feira, servia até 40 refeições ao dia e era mantido com doação de alimentos vindos da Ceasa. Um dos serviços era o oferecimento de alimentação balanceada para quem vive com HIV e aids, priorizando aqueles em situação socioeconômica mais precária.
Além das dificuldades de manter o restaurante funcionando, o GTP+, fundado há 15 anos, ainda enfrentou um problema estrutural: a mudança para o antigo endereço. O preço do aluguel (que saiu de R$ 1.800 para R$ 2.500) tornou-se insustentável. Assim, a sede saiu do número 487, na Rua Manoel Borba, onde ficou durante 5 anos, para o primeiro andar do número 545. A antiga casa, com dois andares, era propícia para o restaurante, que ficava no térreo enquanto o escritório era instalado no primeiro andar. Agora, não há espaço nem segurança suficientes: o casarão, antigo, tem assoalho de madeira em condições precárias.
“Em 2010, servíamos 60 refeições. Havia o financiamento da ONG Unaids, norte-americana, e do Ministério da Saúde. Compramos equipamento, capacitamos pessoas, reformamos a casa. Nos últimos meses, nossa capacidade caiu, eram 20 refeições. As pessoas que nos procuravam eram da própria comunidade, gente que vinha ser atendida aqui”, conta Wladimir Reis, que, ao lado de Sérgio Araújo, criou o GTP+. Reis se refere às pessoas que procuram o Espaço Posithivo, onde há atendimento aos que procuram a entidade. Lá, outro dos coordenadores do grupo, André Valeriano, ouve os casos (principalmente de pessoas soropositivas) e realiza triagem e encaminhamento a serviços públicos específicos, como o CAPS-AD e o Atitude (para dependentes do crack), além de acompanhamento nos hospitais de referência de HIV/aids do Recife e Região Metropolitana. Os organizadores conseguiram fechar contrato por dez meses, pagando R$ 1 mil ao mês. “É uma saída para ver se conseguimos sobreviver.”
Importante: o Cozinha Solidária aceita encomendas para festas e pequenos e médios eventos, bufês etc. Quem quiser contribuir com doações em dinheiro pode fazê-lo através da conta do grupo: Banco Itaú, agência 3175-5, CC 05336-6. Também é possível colaborar entregando notas fiscais nas urnas disponíveis na sede do GTP+ (Av. Manoel Borba, 545, 1º andar, Boa Vista, Recife, fone 3231-0905). O grupo aceita voluntários.