INSEGURANÇA

Violência ronda o Largo da Santa Cruz

Recentemente revitalizado, o famoso largo da Boa Vista, agora com bares e espaços culturais, tem sido alvo de assaltantes e também do comércio ambulante desordenado

Karol Pacheco
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Karol Pacheco
Publicado em 22/10/2015 às 21:00
André Nery/JC Imagem
Recentemente revitalizado, o famoso largo da Boa Vista, agora com bares e espaços culturais, tem sido alvo de assaltantes e também do comércio ambulante desordenado - FOTO: André Nery/JC Imagem
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Não faz nem seis meses que o Jornal do Commercio, no caderno JC Mais, mostrou aos leitores a vida cultural pulsante do bairro da Boa Vista a partir de um epicentro específico, o Largo da Santa Cruz. A movimentação aumenta nas noites de terça-feira, por conta de um evento já tradicional na cidade, a Terça do Vinil, que ocorre no Lisbela & Prisioneiros Bar, com a discotecagem de Juniani Marzani, DJ 440. Novos estabelecimentos continuam a aportar no local. Mas agora, com o comércio ambulante desordenado e a falta de segurança na área, o Largo agoniza com o descaso do poder público. Por volta de meio-dia da última terça, o recém-inaugurado espaço cultural Mundo Novo, situado na Rua Velha, sofreu um assalto.

“Chegou um cara colocando a bolsa dele na mala, depois puxou o revólver e mostrou. Dei dois passos pra trás e ele ainda pegou carteira, celular e um bolo de dinheiro que a gente ia usar para comprar mais bebidas para o estoque”, relata Luiz Guilherme, sócio do Mundo Novo. O carro tinha rastreador e a Polícia Militar conseguiu localizar o veículo no bairro de Água Fria, na Zona Norte, onde os criminosos praticavam outros assaltos. O comerciante lamenta: “A prefeitura fecha os olhos. Falta um olhar minuncioso para esse novo local que está sendo revitalizado. Se trata de uma ocupação cultural num espaço onde não existia nada.”

De acordo com uma denúncia publicada no Facebook por Pedro Escobar, um dos donos do Edifício Texas, localizado na Rua Rosário da Boa Vista, “são mais de cinquenta vendedores ambulantes ao redor do pátio e sem nenhum tipo de ordenamento”. Segundo ele, circulam por lá, às terças, “mais de duas mil pessoas”, mas os carros da polícia passam longe. “Não existe, de fato, nenhum policiamento fixo. Nenhum investimento em iluminação foi feito”, postou. Ele precisou instalar um refletor de luz em frente ao Texas para assegurar o mínimo de tranquilidade na rua do seu estabelecimento.

Em relação à insegurança, o DJ Juniani Marzani, que começou a ocupar o Largo da Santa Cruz quando ainda era pouco badalado, aponta: “O que eu vejo ali é que criou-se três pólos: o dos ambulantes, que cresceu desordenadamente; o dos bares Lisbela e o ao lado dele, que ainda é habitável e tranquilo por conta da segurança privada; e o que as pessoas chamam de Texas – infelizmente, o bar, que é massa, virou nome de rua. Ali já vi brigas, tráfico... O bar que não tem nada a ver com isso. Sei que esse não é o público dele.”

Segundo Juniani, a Terça do Vinil é apoiada pela gestão municipal. “Quando a Secretaria de Turismo da Prefeitura do Recife decidiu apoiar o projeto, achei que a cavalaria estava a caminho. Que iam organizar tudo. Mas, infelizmente, isso não aconteceu.” Diante da omissão, os produtores locais contam com o apoio de seguranças particulares. “A gente vem mantendo a política de fazer segurança privada, que não é nada que possa intimidar o bandido. Depois que a Terça do Vinil acaba é que começa a dar mais gente, o que aumenta a insegurança. Se dependesse do que o Estado oferece – que é nada – seria bem pior.”

PROVIDÊNCIAS

A Patrulha do Bairro realiza, diariamente, rondas na região do Largo da Santa Cruz, com o apoio do Grupo de Apoio Tático Itinerante (Gati), segundo informou, por meio de nota, a assessoria de comunicação da Polícia Militar. Contudo, diante das denúncias apresentadas nas redes sociais, repassadas pelo JC, o comando do 16° Batalhão garantiu que fará uma operação específica no local, para averiguar as informações.

A PM alerta também sobre a importância de registrar as denúncias, através do 190, e formalizar as ocorrências na delegacia mais próxima, informando as características de indivíduos suspeitos na localidade. Já a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife (Semoc) informou, também por meio de nota, que vai analisar a necessidade de intensificar a fiscalização do comércio informal na área.

A secretaria lembrou que a praça do Largo da Santa Cruz foi construída por meio de uma ação mitigadora cobrada pela prefeitura. No local, havia um posto de combustível irregular que foi desativado pelo município. Em 2014, a Construtora Machado Guimarães entregou a praça recuperada e o local voltou a ser frequentado.

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