Fraudes

População poderá consultar fotografia e dados profissionais dos 15 mil médicos pernambucanos

Medida foi autorizada pelo Conselho Federal de Medicina e estará disponível até o final do ano

Margarette Andrea
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Margarette Andrea
Publicado em 05/11/2015 às 6:13
Divulgação/Polícia Federal
Medida foi autorizada pelo Conselho Federal de Medicina e estará disponível até o final do ano - FOTO: Divulgação/Polícia Federal
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Identificar um falso médico pernambucano vai estar ao alcance de qualquer cidadão, até o final do próximo mês. Com base na circular Nº 210/2014 do Conselho Federal de Medicina (CFM), o Conselho Regional de Medicina em Pernambuco (Cremepe) está atualizando seu banco de dados para disponibilizar, em seu site e no portal do CFM, a fotografia, nome completo, endereço e telefone profissional, número de inscrição e especialidade dos cerca de 15 mil médicos em atuação no Estado. Com isso, casos como o de um falso médico em atuação em Glória de Goitá, na Zona da Mata Norte, na última quarta-feira (28), poderão ser facilmente evitados.

“Na verdade, a resolução Nº 06/2014 do Cremepe determina que as unidades de saúde exijam, no momento da contratação, uma certidão de regularidade profissional emitida pelo órgão, o que daria segurança sobre a identidade do médico, mas normalmente ela não é cumprida”, informa o presidente do conselho, Sílvio Rodrigues. “Isso ocorre porque cerca de 80% das unidades do interior utilizam contrato precário (sem vínculo), o que favorece a atuação de falsos profissionais”. 

O clínico geral Bruno Tenório Gonçalves da Silva, 30 anos, acredita que a carência de profissionais e de estrutura no interior também facilitam as fraudes. Ele próprio constatou que estava tendo o nome e CRM utilizado por um falso médico, em Glória de Goitá. “É preciso que a polícia apure se há conivência das unidades de saúde, pois não se pode contratar um médico sem exigir um diploma, um comprovante de conclusão de curso”, observa.

Bruno já estava largando de seu plantão no Samu de Vitória do Santo Antão, Zona da Mata, quando a equipe recebeu um chamado para transportar um paciente do Hospital João Murilo (em Vitória) para o de Palmares. O chamado foi feito pelo falso médico, usando o nome dele. “Há dois anos eu já tinha ciência de que alguém usava meu nome na Paraíba. Em janeiro, recebi notificação do Cremepe de que teria abandonado um plantão em Afogados da Ingazeira e nem sabia onde ficava esse município. Amigos também me informaram de alguém usando meu nome em Lagoa do Carro, Glória de Goitá e Amaraji”, relata.

Desconfiado, Bruno foi investigar pessoalmente o caso e ao encontrar o falso Bruno percebeu que o conheceu na Paraíba. “Eu estudava na universidade federal e ele em outra faculdade, nos vimos em encontros de estudantes”, conta. “Verifiquei que, naquele dia, ele assinou 82 prontuários na Unidade Mista Maria Gaião Guerra. O material ficou com a direção da unidade, que já deveria tê-lo encaminhado à polícia. Ele também usava o CRM de outro Bruno Silva, formado há apenas dois meses. Quando me viu indo na diretoria,  fugiu”.

Bruno já havia registrado boletim de ocorrência (BO) na Polícia Federal em janeiro. “Ficaram de avaliar se a competência era deles e nunca mais tive notícia”, diz. Na terça-feira, ele registrou novo BO. A assessoria da PF disse que o caso seria novamente enviado à corregedoria para avaliação de competência. “Mas estamos em diligência. Como há denúncia de que ele estaria agindo também na Paraíba e Rio Grande do Norte é possível que a investigação fique com a PF”, afirma o assessor de comunicação do órgão, Giovani Santoro. Quem tiver informações sobre o falso médico pode entrar em contato com a polícia através do Disque-Denúncia, pelo telefone 3421-9595, no Recife, e 3719-4545 no interior do Estado.


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