saúde em alerta

Mãe de bebê com microcefalia transforma dificuldades em palestras e grupo de apoio

Jovem só descobriu anomalia depois que a filha nasceu. A partir daí, começou a orientar outras mulheres

Rebeca Montenegro
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Rebeca Montenegro
Publicado em 11/12/2015 às 6:49
Edmar Melo/JC Imagem
Jovem só descobriu anomalia depois que a filha nasceu. A partir daí, começou a orientar outras mulheres - FOTO: Edmar Melo/JC Imagem
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Enquanto sua filha, Anne Beatrys, diagnosticada com microcefalia e hoje com dois meses de idade, estava internada no Centro de Terapia Intensiva do Hospital Agamenon Magalhães (HAM), no bairro da Tamarineria, Zona Norte do Recife, Bruna Gabrielly, 19 anos, não desanimou. A mãe dela, a professora Gilvânia Lima, conta, orgulhosa, que a jovem chegou a realizar palestras no hospital para outras mães na mesma situação, além de ajudar em rodas de diálogo e grupos de apoio.

Quando perguntada sobre o assunto, a tímida Bruna dá risada. “Foi em um círculo de amizade que formamos na Enfermaria Canguru, onde fiquei para aprender a cuidar do bebê”, relata. Lá, conheceu várias mães. Formaram um grupo de apoio, e, no Facebook, criaram a página “Mães de Bebês com Microcefalia em Pernambuco”, na qual fazem campanhas para doação de roupas e botas ortopédicas. 

Também foi no Facebook que Bruna criou a página “Anne Beatrys Microcefalia”, que conta com 793 curtidas e diversos comentários de apoio postados por pessoas de todo o País. A página começou com o objetivo de criar uma corrente de oração para a bebê, hoje serve para Bruna compartilhar os avanços de Anne e, principalmente, perceber que não está sozinha.

Anne foi diagnosticada com microcefalia ao nascer: a cabeça tinha apenas 27 cm de diâmetro. Natural de Lagoa do Carro, Zona da Mata pernambucana, Bruna e a filha vêm semanalmente ao Recife para sessões de Terapia Ocupacional realizadas no HAM. Gilvânia as acompanha em todos os momentos. Ela conta que Bruna passou pelo pré-natal adequado, fez todos os exames que deveria durante a gravidez e, mesmo assim, nada foi diagnosticado. “Para a surpresa da gente, uma surpresa que família nenhuma está preparada, a minha neta nasceu com microcefalia e só descobriram na hora do parto mesmo.”

Com 19 dias de vida, Anne foi encaminhada ao setor de neurologia do hospital e fez os primeiros exames. A tomografia confirmou a suspeita: a bebê tinha mesmo nascido com microcefalia. De lá, Bruna e a filha foram encaminhadas ao Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), em Santo Amaro, onde passaram pelos exames de monitoramento. Nesta quinta-feira (10), elas estiveram no Huoc para novos exames. Os resultados devem diagnosticar se a microcefalia de Anne está relacionada com a contaminação por chicungunha que Bruna sofreu ao fim do terceiro mês de gravidez. 

Bruna conta que leu muitos relatos sobre o assunto e ficou chocada com a quantidade de histórias que envolviam abandono. “Se um bebê normal a gente já ama, ame o dobro um bebê com microcefalia, porque ele é especial. O amor que eu sinto pela minha filha é imenso. Ela, para mim, é a filha mais linda do mundo. Então ame seus filhos. Não jogue fora, porque Deus nos capacitou para ter esses filhos. Nós somos especiais para ter esses bebês especiais”, ressalta.

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