DENGUE

Lixo nas palafitas de Recife e Olinda contribui para proliferação do Aedes aegypti

A combinação falta de coleta regular de lixo mais má educação da população pode resultar em milhares de criadouros do mosquito

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 18/12/2015 às 7:40
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Nas palafitas de Recife e Olinda, a combinação falta de coleta regular de lixo mais má educação da população pode resultar em milhares de criadouros do mosquito Aedes aegypti. Tampinhas de garrafa, copos plásticos, depósitos de margarina e outros objetos descartados acumulam água e são locais perfeitos para a fêmea do inseto depositar os ovos.

Na comunidade Ponte Preta, bairro de Salgadinho, em Olinda, é difícil encontrar uma casa em que alguém não tenha tido dengue ou chicungunha, doenças transmitidas pelo mosquito, nos últimos quatro meses. Também é fácil achar lixo acumulado em vários pontos. As casas são construídas às margens do Rio Beberibe.

“Foi uma epidemia por aqui. Todo mundo adoeceu. Eu, minha esposa e um filho tivemos dengue ou chicungunha, não sei ao certo”, conta o ajudante de pedreiro Kléber Andrade da Silva, 35 anos, morador do local há 10 anos. “Não tem coleta de lixo. Colocamos na beira do rio, é o jeito. Antes havia um coletor na entrada da rua, mas a prefeitura tirou”, afirma Kléber.

Ao lado da casa da doméstica Luciana Sales, 51, há um terreno onde são criados cavalos. Além de sofrer com o mau cheiro dos excrementos dos animais, ela convive com ratos e muriçocas. “Há três meses fiquei com febre e dores no corpo. Nunca mais tive saúde. Até hoje sinto dor. Somos obrigados a jogar lixo no rio pois não há onde colocar”, relata Luciana. No quintal, a doméstica mantem um tonel e uma caixa d’água. Ela garante que os mantêm fechados, embora a reportagem tenha encontrado o tonel aberto com pequenas larvas.

Na comunidade de Roque Santeiro 1, bairro da Ilha do Leite, área central do Recife, a realidade é semelhante. Moradores das palafitas convivem com um ‘mar de lixo’. “Sempre foi assim. Não temos coleta”, diz Rafaela Ferreira, 16, com a filha recém-nascida Rariele nos braços.

O secretário de Serviços Públicos de Olinda, Manoel Sátiro, garante que existe coleta manual de lixo em Ponte Preta. “O que aconteceu foi uma redução por questão financeira. Antes fazíamos todos os dias, exceto aos domingos. Agora são três vezes por semana”, diz. Ele vai mandar hoje uma equipe fiscalizar a comunidade.

A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) também assegura que a coleta domiciliar porta a porta na comunidade Roque Santeiro é realizada de segunda a sábado. Mas que diante da denúncia de lixo no local “fiscais vão verificar o serviço para corrigir qualquer falha”.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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