No dia em que comemora seus 479 anos, o Recife inaugurou, ao som do frevo, seu primeiro Centro Comunitário da Paz (Compaz), na manhã deste sábado (12), no Alto de Santa Terezinha, Zona Norte da cidade. Em clima de festa – marcado por conflito com professores municipais em greve – e com presença maciça de secretários, deputados estaduais e federais, vereadores e lideranças comunitárias, o prefeito Geraldo Julio e o governador Paulo Câmara falaram da intenção de dar continuidade ao projeto, que prevê mais quatro centros na capital e pode ser ampliado para outros municípios. Do lado de fora, houve protestos dos professores grevistas da rede pública municipal.
Leia Também
Os chefes dos governos estadual e municipal vistoriaram o prédio de 13.100 metros – onde serão oferecidas atividades esportiva, culturais e de educação – cercados por uma multidão e fizeram uma pequena parada na sala de Dojô (artes marciais) para falar com a imprensa. “É um grande presente, que vem para transformar a vida de gente que quer uma vida melhor. Vamos construir os outros, dois estão com obras bem encaminhadas e os outros dois temos os terrenos”, declarou Geraldo Julio. Copatrocinador no projeto, o governador emendou: “Quero que seja o primeiro de vários”.
Enquanto vistoriavam o equipamento, um pequeno grupo de professores grevistas – a maioria mulheres – foi barrado por guardas municipais quando se dirigia ao Compaz. Em greve há mais de uma semana, movimento que foi decretado ilegal pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco, os docentes ficaram praticamente encurralados em um beco. “Nosso ônibus foi bloqueado no caminho e a kombi também. Tentamos chegar a pé, para dar visibilidade ao nosso movimento e impediram nosso direito de ir e vir. Isso fere a Constituição e vamos acionar a Justiça”, contestou Simone Fontana, do sindicato da categoria.
Após muita discussão, o grupo foi liberado. “Tentamos impedir que chegassem para não acontecer o que aconteceu: tentaram agredir o prefeito. Um militante ligado ao PSTU subiu ao palco e como o prefeito continuou discursando ele atirou uns papéis na cabeça do prefeito”, contou, revoltado, o secretário de Segurança Urbana, Murilo Cavalcanti. “É um grupo pequeno, radical, que tem um componente político e já tentou isso outras vezes. Protestar é um direito universal, mas tem que ter limite. Para que tentar estragar uma festa que a comunidade tanto queria? Pra que criar tumulto?”.
O Compaz está sendo entregue com um ano de atraso, após três anos de obras. Ele custou R$ 14,2 milhões, sendo R$ 6 milhões da prefeitura e R$ 8 milhões do Estado. O equipamento deve beneficiar um total de quatro mil pessoas do entorno, onde estão situadas oito escolas em um raio de 500 metros. Há uma piscina semi-olímpica (25 metros), quadra poliesportiva, um campo de futebol e um espaço destinado a uma horta comunitária.
São quatro pavimentos. No térreo, fica a biblioteca, de 850 metros quadrados, com um acervo de 5,5 mil livros e capacidade para 17 mil. No primeiro piso serão disponibilizados vários serviços à comunidade, como assistência psicológica, aulas de inglês e espanhol, reforço escolar, prátics integrativas (tai chi chuam, ioga, biodança e meditação), além de uma unidade do Procon. Também serão feitos atendimentos especializados a mulheres vítimas de violência no local.