No dia em que comemora seus 479 anos, o Recife inaugurou, ao som do frevo, seu primeiro Centro Comunitário da Paz (Compaz), na manhã deste sábado, no Alto de Santa Terezinha, Zona Norte da cidade. Em clima de festa – marcado por conflito com professores municipais em greve – e com presença maciça de seus secretários, deputados estaduais e federais, vereadores e lideranças comunitárias, o prefeito Geraldo Julio e o governador Paulo Câmara falaram da intenção de dar continuidade ao projeto, que prevê mais quatro centros na capital e pode ser ampliado para outros municípios.
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Os chefes dos governos estadual e municipal vistoriaram o prédio de 13.100 metros – onde serão oferecidas atividades esportiva, culturais e de educação – cercados por uma multidão e fizeram uma pequena parada na sala de Dojô (artes marciais) para falar com a imprensa. “É um grande presente, que vem para transformar a vida de gente que quer uma vida melhor. Vamos construir os outros, dois estão com obras bem encaminhadas e os outros dois temos os terrenos”, declarou Geraldo Julio. Copatrocinador no projeto, o governador emendou: “Quero que seja o primeiro de vários”.
Enquanto vistoriavam o equipamento, um pequeno grupo de professores grevistas – a maioria mulheres – foi barrado por guardas municipais quando se dirigia ao Compaz. Em greve há mais de uma semana - movimento decretado ilegal pelo Tribunal de Justiça -, os docentes ficaram praticamente encurralados em um beco. “Nosso ônibus foi bloqueado no caminho e a kombi também. Tentamos chegar a pé, para dar visibilidade ao nosso movimento e impediram nosso direito de ir e vir. Isso fere a Constituição e vamos acionar a Justiça”, contestou Simone Fontana, do sindicato da categoria.
Após muita discussão, o grupo foi liberado. “Tentamos impedir que chegassem para não acontecer o que aconteceu: tentaram agredir o prefeito. Um militante do PSTU subiu ao palco e como o prefeito continuou discursando ele atirou uns papéis na cabeça do prefeito”, contou, revoltado, o secretário de Segurança Urbana, Murilo Cavalcanti. “É um grupo pequeno, radical, que tem um componente político e já tentou isso outras vezes. Protestar é um direito universal, mas tem que ter limite. Para que tentar estragar uma festa que a comunidade tanto queria? Pra que criar tumulto?”.
O Compaz é entregue com um ano de atraso, após três anos de obras. Ele custou R$ 14,2 milhões, sendo R$ 6 milhões da prefeitura e R$ 8 milhões do Estado. O equipamento deve beneficiar um total de quatro mil pessoas do entorno, onde estão situadas oito escolas em um raio de 500 metros. Há uma piscina semi-olímpica (25 metros), quadra poliesportiva, um campo de futebol e um espaço destinado a uma horta comunitária.
São quatro pavimentos. No térreo, fica a biblioteca, de 850 metros quadrados, com um acervo de 5,5 mil livros e capacidade para 17 mil. No primeiro piso serão disponibilizados vários serviços à comunidade, como assistência psicológica, aulas de inglês e espanhol, reforço escolar, prátics integrativas (tai chi chuam, ioga, biodança e meditação), além de uma unidade do Procon. Também serão feitos atendimentos especializados a mulheres vítimas de violência no local.