Após dez dias de greve, os professores da rede municipal do Recife encerraram o movimento, após assembleia realizada na manhã desta sexta (18) a as aulas estarão normalizadas na próxima segunda (21). De acordo com uma das coordenadoras-gerais do sindicato da categoria (Simpere), Simone Fontana, a classe conseguiu a garantia de que a Prefeitura do Recife não iria descontar os dias parados e marcou negociação, para a segunda (21), às 15h, a fim de discutir o Plano de Cargos e Carreiras.
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"Na negociação pretendemos ainda avançar em relação ao reajuste do piso", adiantou Simone, salientando que os docentes permanecem em estado de greve. A categoria reivindica reajuste de 11,35% para todos os níveis - percentual oferecido apenas a um pequeno grupo que estava abaixo do piso - e cumprimento do PCC.
A posição do município foi uma só para todos os servidores: condicionar o reajuste a um aumento de receita, se houver, podendo chegar a 10,67% (inflação do período), um reajuste linear de 5% para os trabalhadores com salário inicial abaixo de R$ 1,7 mil a partir de março e de 10,67% do ticket-alimentação a partir de agosto.
A alegação é de que, além de não dispor de condições financeiras para conceder o reajuste, a prefeitura já chegou ao limite estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal com gasto de pessoal. Segundo a secretaria de Administração, 15 categorias já oficializaram acordo, restando os professores para concluir esse processo.
Na última quinta, cerca de 40 professores ocuparam o quarto andar da prefeitura, onde funciona a Secretaria de Educação, onde permaneceu das 12h às 21h30, até obter garantias de negociação e não desconto dos dias parados.
REVIRAVOLTA
Após saber que, mesmo voltando às salas de aula, os professores seguiriam em estado de greve, o secretário de Administração e Gestão de Pessoas da Prefeitura do Recife, Marconi Muzzio, entrou em contato com o JC e afirmou que o acordo firmado com os professores e a reunião de segunda-feira estariam cancelados. "Após a ocupação do quarto andar da prefeitura, nós fizemos alguns acenos que poderíamos avançar com as negociações desde que a greve fosse completamente encerrada e não só suspensa. Isso está claro no ofício assinado por mim. Suspensão não é encerramento do ponto de vista semântico, jurídico e legal".
A decisão do secretário, entretanto, não muda o posicionamento dos professores. "Segunda-feira todos os professores estarão em sala de aula. Marconi Muzzio está descumprindo um acordo por mero capricho, mas não não vamos fazer isso. O secretário não tem palavra? A prefeitura não tem palavra? Espero que ao menos ele nos receba segunda-feira", questionou Marina Presbitero, diretora de Combate às Opressões do Simpere.