RECIFE

Justiça determina reintegração de posse de terreno da UFRPE

Área de 26 hectares terá que ser totalmente desocupada em dois anos

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 13/04/2016 às 7:11
Foto: Guga Matos /  JC Imagem
Área de 26 hectares terá que ser totalmente desocupada em dois anos - FOTO: Foto: Guga Matos / JC Imagem
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Moradores de uma área de 26 hectares da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), vizinha ao câmpus Dois Irmãos, Zona Norte do Recife, terão que deixar o local em dois anos. Esse foi o prazo estipulado pela Justiça, em acordo com a reitoria da instituição e a associação de moradores para que o terreno, pertencente à União, seja desocupado. Ontem, por meio de uma reintegração de posse assinada pelo juiz Roberto Wanderley Nogueira, da 1ª Vara Federal, foram retirados uma fábrica de laje e uma serralharia, além de cercas, criadouros de animais, plantações com fins comerciais e habitações que ainda estavam em construção.

A área, chamada pela Rural de zona 6, fica às margens do Rio Capibaribe, com duas entradas. Uma pela BR-101 e outra, mais usada pelos residentes, pela Avenida Caxangá, próximo à UPA e vizinha à comunidade Nova Morada. O local começou a ser ocupado cerca de 60 anos atrás por funcionários da UFRPE que tinham permissão da reitoria para estabelecer moradia lá. Hoje são 200 famílias, conforme o presidente da Associação dos Posseiros e Moradores da Zona 6, Felipe Vicente, 24 anos. Seu avô trabalhava na Rural e foi um dos primeiros a residir no terreno. A universidade tem, somente no câmpus Dois Irmãos, 147 hectares.

“Houve uma denúncia de que a área estava sendo usada para fins comerciais e especulação imobiliária. Trata-se de um terreno da União e isso não é permitido. A UFRPE está sensível à questão social. Vamos tentar, com o governo estadual, que as famílias tenham moradia em outro local e que sejam retiradas quando forem disponibilizadas as unidades habitacionais”, explicou o diretor de Logística da UFRPE, Marcelo Cavalcanti. O prazo de dois anos para desocupação começou a contar em setembro do ano passado, quando o acordo foi feito durante audiência intermediada pelo juiz Roberto Wanderley. Expira, portanto, em setembro de 2017.

O pleito da Associação de Moradores, no entanto, é a regulamentação fundiária e não a saída dos posseiros. “A União tem que criar mecanismos para resolver um problema que foi criado pela UFRPE e que não prejudique os moradores. Quarenta, sessenta anos atrás, os reitores consentiram que funcionários morassem no terreno da universidade. Era conveniente porque havia a necessidade de cuidarem dos bichos e plantações nos finais de semana, quando oficialmente não havia expediente”, destacou a advogada da associação, Maria José do Amaral. Ela ingressou com um recurso no Tribunal Regional Federal da 5ª Região contestando a reintegração de posse porque, diz, não houve delimitação da área a ser reintegrada.

“Moro na zona 6 há 20 anos. Comecei ajudando um posseiro na plantação dele e em troca ganhei um terreno. Nossa preocupação é não sair daqui”, comentou o autônomo Edson Marques, 51. Dono da fábrica de laje que foi obrigada a sair ontem, Rildo Silva, 40, investiu R$ 40 mil para construir o estabelecimento, dois anos atrás. “Não havia certeza se o terreno era da prefeitura ou da Rural. Infelizmente não tenho opção, o jeito é cumprir a determinação judicial.”

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