Transporte

Mais assaltos a ônibus no Grande Recife

Números da SDS mostram que aumento foi de 51% nos três primeiros meses do ano

Roberta Soares
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Roberta Soares
Publicado em 19/04/2016 às 9:00
Foto: Edmar Melo/JC Imagem
Números da SDS mostram que aumento foi de 51% nos três primeiros meses do ano - FOTO: Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Não é à toa que o medo tem predominado entre os passageiros do transporte coletivo da Região Metropolitana do Recife. E não será surpresa se episódios como o ocorrido na noite de domingo (18/4), quando um ladrão foi morto e outro ficou ferido após uma tentativa de assalto a ônibus, em plena Zona Sul da capital, voltem a acontecer em breve. A violência nos coletivos explodiu novamente. Os números da própria polícia confirmam o que se sente nos ônibus: aumento de 51% nos assaltos a coletivos somente nos três primeiros meses do ano.


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Em janeiro, fevereiro e março de 2016 já são 243 ocorrências registradas oficialmente pelas empresas de ônibus na Secretaria de Defesa Social (SDS). Em 2015, no mesmo período, tinham sido 161 registros. Os números, vale ressaltar, se referem apenas aos casos contabilizados oficialmente, nos quais a renda do ônibus é levada ou, pelo menos, o número de passageiros assaltados justifica a ida à delegacia. Quem utiliza o transporte coletivo sabe que há casos em que o ônibus é alvo de ladrões e as pessoas sequer se dão ao trabalho de denunciar o fato à polícia.

Em 2015, a SDS registrou 798 assaltos a ônibus no Grande Recife. Um salto em relação às ocorrências de 2014 (com 499 casos no ano) e 2013 (com 436). Se o aumento de 50% nos casos se mantiver ao longo do ano, é certo que serão registrados mais de mil investidas até o fim de 2016. Mas o que fazer? Nas ruas, a população está em pânico, sente-se completamente vulnerável e diz que a ausência de policiamento, associada ao desemprego provocado pela crise econômica, tem feito com que os assaltos não tenham mais linhas ou locais preferidos, como no passado.

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“Veja o último assalto. Aconteceu em plena Avenida Domingos Ferreira, na Zona Sul do Recife, área nobre da cidade, com um ônibus cheio. Não foi na BR, na periferia, numa área sem iluminação. Isso mostra que os ladrões sabem que podem roubar cada vez mais”, alerta o motorista de ônibus Carlos Henrique da Silva, que roda na linha UR5–TI Tancredo Neves e diariamente passa pela BR-101 Sul, uma das áreas mais temidas por passageiros, motoristas e cobradores. 

Entre os operadores do sistema de transporte, o sentimento é de impotência. De um lado, os empresários alegam já ter feito o que podiam. Equiparam toda a frota de ônibus com câmeras, representando um investimento de R$ 3 milhões, e reduziram em 70% a circulação de dinheiro nos ônibus, com a ampliação do uso dos cartões VEM. “Assim como os passageiros, as empresas de ônibus são vítimas dos assaltos. O setor investiu para equipar a frota com câmeras de segurança e GPS. Também repassa sistematicamente informações para que a polícia possa identificar, desarticular e prender os assaltantes”, destaca Fernando Bandeira, presidente do Urbana-PE.

O Grande Recife Consórcio de Transporte, gestor do sistema, diz que tem convênio com a Polícia Militar para monitorar os terminais integrados. E a PM, por sua vez, reconhece que a violência está aumentando, ao mesmo tempo em que garante que a corporação está reagindo. E comprova essa reação com números. A abordagem a coletivos na operação Transporte Seguro aumentou de 711 em janeiro e 912 em fevereiro para 2.939 ônibus em março. “É uma prova de que o Comando da PM está atento e já tem estratégias definidas para combater esse tipo de crime”, diz o major Júlio Aragão.


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