A Secretaria Estadual de Saúde passou a separar, em seus relatórios, os casos de microcefalia considerados severos. São os recém-nascidos com cabeça bem pequena e, portanto, com maior potencial de dano cerebral. Dos 1.871 casos da anomalia notificados no Estado, até o dia 16 de abril, 305 correspondiam à microcefalia severa e 178 deles foram confirmados. No total, há confirmação de 333 bebês com a anomalia, 148 relacionados ao zika vírus. Outros 778 casos foram descartados.
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O epidemiologista Ricardo Ximenes explica que quando o bebê tem o cérebro menor há um indicativo de que o dano é maior. “Mas esse não é o único fator a ser considerado. O dano depende da área cerebral que foi afetada”, esclarece. “Portanto, os sintomas de um bebê com a microcefalia severa podem ser mais acentuados ou serem os mesmos”. Segundo ele, quando a microcefalia não é causada pelo zika não há uma destruição cerebral como se vê nos casos onde há relação com o vírus.
Pelos parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), o perímetro cefálico indicativo da anomalia é de 31,9 centímetros para meninos e 31,5 centímetros para meninas. No caso da microcefalia severa, são adotados parâmetros de 30,7 centímetros para meninos e 30,3 centímetros para meninas.
“Essa separação é apenas para fins informativos, de estudo, pois o tratamento para a microcefalia, em geral, é o mesmo. Todos os casos são graves e não há nenhuma mudança de procedimento”, destaca o diretor-geral de controle de doenças e agravos da SES, George Dimech. Segundo ele, um quarto dos casos confirmados têm o perímetro cefálico maior que o parâmetro da OMS. Das 1.871 notificações, 772 (41%) atendem aos padrões.
A agente de arrecadação de pedágio Gleyse Kelly Cavalcanti, de 27 anos, conta que a filha Giovana, de 6 meses, tinha a cabeça bem pequena ao nascer. “Mediram 31 centímetros. Ela mal abria os olhos. Mas está sendo acompanhada na AACD e na Fundação Altino Ventura e já enxerga bem melhor. Também está começando a se virar. Cada evolução é uma festa”, relata Gleyse, mãe de outros três meninos.
ARBOVIROSES
A SES também divulgou boletim sobre arboviroses, nesta quarta. Ele aponta que o número de óbitos confirmados por chicungunha subiu de nove, no boletim anterior, para 12. Sete deles são no Recife e os demais em Jaboatão, Igarassu, Vitória de Santo Antão, Timbaúba e Toritama. Também há uma morte confirmada para dengue em Caruaru. No total, entre os dias 3 de janeiro e 16 de abril, 177 óbitos suspeitos pelas arboviroses foram notificados.
“Os óbitos preocupam. Mas apesar de os resultados serem positivos (sobretudo para chicungunha) vamos investigar se há relação das mortes com a doença, pois as pessoas podiam apresentar comorbidade (duas ou mais doenças associadas)”, salienta a coordenadora do programa de controle de dengue, chicungunha e zika de Pernambuco, Claudenice Pontes.
As notificações sobre casos de dengue chegaram a 59.753, no período, sendo 9.111 confirmadas e 9.805 descartadas. Já os casos suspeitos de chicungunha somam 16.968 , com 371 confirmados e 438 descartados. O número de notificações de zika é de 8.716 casos. Há 16 confirmações e 125 descartes.
“Os índices de infestação ainda são muito elevados. Há municípios que não tinham presença de chicungunha e começaram agora têm, precisamos intensificar o combate ao mosquito Aedes aegypti”, avalia Claudenice. Há situação de risco de surto em 91 municípios e outros 75 estão em alerta.