VIOLÊNCIA

Grupo agia dentro de presídios em Pernambuco

Polícia Civil prende suspeitos por tráfico de drogas e armas no Grande Recife

Felipe Vieira
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Felipe Vieira
Publicado em 21/04/2016 às 7:30
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Polícia Civil prende suspeitos por tráfico de drogas e armas no Grande Recife - FOTO: JC Imagem
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A desarticulação, na manhã de ontem, de uma quadrilha especializada no tráfico de drogas e de armas no Grande Recife expõe a deficiência do poder público em fiscalizar o interior das unidades prisionais do Estado. Cinco dos cerca de 30 integrantes do grupo operavam de dentro de presídios como a Penitenciária de Igarassu, na Região Metropolitana, e o Complexo do Curado, no bairro do Sancho, Zona Oeste da capital.

Apontado pela Polícia Civil como líder da organização, Leandro Ferreira da Silva, o Leozinho de Rio Doce, também agia de dentro da Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, até fugir, no dia 20 de janeiro, após a explosão do muro da unidade. Leozinho foi recapturado na semana passada, no município de Aparecida de Goiânia (GO).

Apenas na manhã de ontem, a Polícia Civil prendeu 15 suspeitos de integrarem a quadrilha, dentro da Operação Mangue Vermelho. Entre eles, Jairo Carvalho de Lima, sargento do 11º Batalhão da Polícia Militar, que segundo a polícia seria o responsável pelo fornecimento de armas para o grupo.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, o esquema passava até mesmo pela Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), onde está preso Douglas Toscano de Brito, considerado o braço direito de Leozinho de Rio Doce. A quadrilha agia em bairros da Zona Norte do Recife, como Dois Unidos e Linha do Tiro, no bairro de Rio Doce, em Olinda, e, no município de Paulista, nos bairros de Jardim Maranguape e Maranguape I. 

Entre os 28 mandados de busca e de prisão preventiva expedidos pela Justiça dentro da Operação Mangue Vermelho, seis foram relativos a esposas ou namoradas de suspeitos, que também operariam os negócios do grupo. Os policiais apreenderam 4,3 quilos de pasta-base de cocaína, quatro revólveres, uma pistola e cerca de R$ 16 mil em dinheiro. Os suspeitos deverão responder, a depender do envolvimento de cada um no grupo, pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, associação para o tráfico, comércio ilegal de armas de fogo, além de homicídios.

“Não é novidade o fato de criminosos liderarem grupos de dentro das prisões. A questão exige um combate muito mais amplo, para além da própria polícia”, diz o delegado Gilberto Loyo, que comandou a operação.

Para o juiz titular da 1ª Vara de Execuções Penais (atualmente assessor da Corregedoria do Tribunal de Justiça), Luiz Rocha, o ideal seria a criação de uma força-tarefa para enfrentar o problema. Segundo ele, é preciso que Judiciário, Executivo, Ministério Público e as polícias se juntem para trocar informações, conceber novas políticas e, assim, evitar que presos continuem comandando quadrilhas de dentro das unidades.

“O que observamos, até agora, nos presídios do Estado, é a prevalência de grupos de pequeno porte, todos explorando o comércio de drogas, dentro e fora da cadeia”, explica Rocha. Segundo o magistrado, as quadrilhas loteiam as áreas de atuação e não entram em conflito umas com as outras. “Existe um intercâmbio grande com grupos de outros Estados, e esse é um ciclo que precisa ser urgentemente interrompido, sob pena dessas organizações ficarem cada vez mais sofisticadas”, completa o juiz.

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