TRANSTORNO

Mesmo sem chuva, moradores de Olinda sofrem com alagamentos

Ruas de Jardim Fragoso, Casa Caiada e Jardim Atlântico permaneceram cheias d'água na terça-feira, apesar do temporal ter sido na segunda-feira

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 11/05/2016 às 7:09
Foto: Bobby Fabisak /  JC Imagem
Ruas de Jardim Fragoso, Casa Caiada e Jardim Atlântico permaneceram cheias d'água na terça-feira, apesar do temporal ter sido na segunda-feira - FOTO: Foto: Bobby Fabisak / JC Imagem
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A trégua da chuva não foi sinônimo de alívio para moradores de Jardim Fragoso, Casa Caiada e Jardim Atlântico, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife. Diversas ruas dos três bairros, alagadas desde domingo, permaneceram cheias d’água na terça-feira (10), causando mais transtorno para população. Quem reside na área diz que o temporal atípico - foram 225 milímetros de precipitação no bairro, segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) - e a obra para implantação de um novo corredor viário entre o município e a vizinha cidade de Paulista (a Via Metropolitana Norte) pioraram as históricas e constantes inundações na região.

“Moro em Jardim Fragoso há 10 anos e nunca havia alagado tanto minha rua como desta vez. Fiquei assustado. Não chegava água até a frente da minha casa e ontem (segunda-feira) isso aconteceu. Acho que essa obra no canal complicou mais a nossa situação”, afirmou o gesseiro Edimário Luiz Silva, 53 anos, que reside na Avenida Coronel João Melo de Morais. A constatação dele e de outros moradores entrevistados pelo JC é a mesma: a área de alagamento foi maior e a água demorou mais a baixar.

No pontilhão da Rua Professora Elisa Saldanha, no mesmo bairro, a população resolveu interditar a passagem de carros colocando móveis estragados pela chuva no meio da rua. Havia sofá, geladeira, fogão, pedaços de estantes e guarda-roupas, além de sacos de lixo. Para impedir o tráfego de coletivos, moradores arrancaram um abrigo e também o jogaram na via.

Segundo eles, a força dos ônibus era tanta que provocou ondas fortes o suficiente para derrubar muros de alguns imóveis. Pelo menos duas casas da Avenida Humberto de Lima Mendes tiveram prejuízo. “Minha filha mora no apartamento térreo de um prédio. O muro caiu e a água estragou os contadores de energia. Ela perdeu tudo”, disse a aposentada Maria José Maurício, 69.

Dono de um depósito de água mineral e botijão de gás, José Gaudêncio Neto, 35, estima que deixou de faturar cerca de R$ 3 mil com dois dias de comércio parado (segunda-feira e ontem). “Vivo aqui desde que nasci. Nunca nosso bairro ficou desse jeito. O canal está represado e por isso a água da chuva não tem para onde escoar”, comentou o comerciante.

A dona de casa Margarida Maria de Souza, 64, reside ao lado do canal do Fragoso. “Perdi guarda-roupa, colchão, beliche. Salvei a geladeira porque coloquei em cima de outro móvel. Essa obra no canal atrapalhou mais ainda a nossa vida. E para piorar a prefeitura não limpa as canaletas”, criticou Margarida.

LIMPEZA - A Prefeitura de Olinda informou que a Via Metropolitana Norte é de responsabilidade do governo estadual mas destacou que quando a obra estiver pronta o problema de alagamento em vários bairros do entorno será resolvido definitivamente. “Equipes da Secretaria de Serviços Públicos estão trabalhando na desobstrução de galerias e canaletas para possibilitar o escoamento da água”, explicou o Executivo Municipal.

A Secretaria de Habitação, do governo estadual, disse que a primeira etapa da obra, iniciada em março de março de 2013 e prevista para acabar no segundo semestre de 2017, inclui a construção de 840 unidades habitacionais, alargamento e revestimento de 2,3 km do Canal do Fragoso e oito pontes sobre o canal.

A obra completa da Via Metropolitana prevê um total de 6,5 km de alargamento e revestimento do canal, construção de um viaduto sobre a PE-15, mais quatro pontes sobre o canal e implantação de 6,1 quilômetros de extensão de vias marginais em Olinda.

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