PREVENÇÃO

Cientistas pernambucanos vão desenvolver 21 pesquisas sobre o zika vírus

UFPE, UPE, Imip e Fiocruz vão receber do governo estadual, juntas, R$ 3 milhões para estudar o Aedes aegypti

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 13/05/2016 às 7:28
Foto: Aluísio Moreira / Divulgação
UFPE, UPE, Imip e Fiocruz vão receber do governo estadual, juntas, R$ 3 milhões para estudar o Aedes aegypti - FOTO: Foto: Aluísio Moreira / Divulgação
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Um time de cientistas pernambucanos, ligados a quatro importantes instituições do Estado, vai desenvolver 21 pesquisas sobre o zika vírus para ajudar no combate ao transmissor da doença, o Aedes aegypti. Os trabalhos, selecionados por meio de edital, custarão, no total, R$ 3 milhões, financiados pelo governo de Pernambuco. Um dos projetos, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), prevê a produção de um larvicida biológico, formulado a partir de uma bactéria, capaz de matar a larva do mosquito.

“Sabemos produzir a bactéria. A próxima etapa é torná-la um produto. Poderemos fabricá-la no formato líquido, em pó, grãos ou solução concentrada. A larva do mosquito se alimenta da bactéria e morre”, explicou a engenheira química Christine Lamenha, coordenadora da pesquisa e professora do câmpus da UFPE de Vitória de Santo Antão. O projeto receberá R$ 199 mil. Ela representou os pesquisadores contemplados no edital numa cerimônia realizada ontem, no Palácio do Campo das Princesas, com a presença do governador Paulo Câmara.

“Um dos desafios é produzir em grande escala e colocar o biolarvicida no mercado. Em laboratório conseguimos, mas em pouca quantidade. Temos que encontrar uma empresa que compre a tecnologia ou, a médio prazo, há a possibilidade de o IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco) fazer numa escala piloto e depois, industrial”, observou Christine. A UFPE teve nove projetos aprovados, totalizando cerca de R$ 1,3 milhão. O pesquisador Celso Melo vai desenvolver um teste rápido de diagnóstico para identificar o vírus zika.

A Fiocruz Pernambuco também teve nove pesquisas selecionadas, que somam R$ 1,33 milhão. O Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) foi contemplado com dois projetos (R$ 200 mil) e a Universidade de Pernambuco (UPE) com um (R$ 170 mil). Gabriel Wallau, do Departamento de Entomologia da Fiocruz, propôs o sequenciamento do genoma do vírus zika, que será extraído do agente vetor (o Aedes aegypti), coletado em campo.

“Não será usado o vírus encontrado em humano para sequenciamento. Isso permitirá saber se existe uma ou mais linhagens do vírus em circulação no Estado e se ele está sofrendo mutação. Conhecer a linhagem circulante permitirá predizer qual o melhor tratamento”, destacou Gabriel, que terá R$ 148 mil para pesquisa.

Lindomar Pena, do Departamento de Virologia da mesma instituição, receberá R$ 164 mil para desenvolver uma técnica para diagnóstico da zika com estrutura mínima, sem uso de equipamento sofisticado. Segundo ele, será um teste portátil, com resultado em horas e que poderá ser usado para testar amostras de sangue humano e do vetor.

RECURSOS - Paulo Câmara ressaltou a importância de investir em pesquisa. “Há pouca informação do zika vírus, ainda não conhecemos muito sobre ele. Além de cuidar das pessoas que adoeceram, dar assistência às mães que têm bebês com microcefalia, preparar a rede de saúde, vamos agora destinar R$ 3 milhões para pesquisa, pois entendemos que é estratégico”, enfatizou.

O edital foi resultado de parceria entre Secretaria Estadual de Saúde e Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe). As pesquisas devem ser concluídas em 18 meses.

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