Mais uma vez, ao avaliar os transtornos provocados pelo temporal no Recife, o prefeito Geraldo Julio afirma que sistema nenhum de drenagem conseguiria evitar os alagamentos nas ruas, devido à intensidade da precipitação num curto intervalo de tempo. “Não há histórico de chuva como essa na cidade”, repete o prefeito, citando os 200 milímetros registrados de 1h as 7h de ontem.
O volume, diz ele, corresponde a 20 dias de chuva de maio, levando-se em consideração a média histórica do mês, que é de 329 milímetros, segundo a Agência Estadual de Águas e Clima (Apac). Indagado sobre a necessidade de ampliação da rede coletora de águas pluviais da cidade, o prefeito disse que o Plano de Drenagem do Recife prevê diversas obras, que somam “centenas de milhares de reais”.
Uma das ações indicadas pelo plano é a dragagem dos rios, afirma Geraldo Julio. “A obra de dragagem do Rio Jiquiá está avaliada em R$ 50 milhões. Precisamos captar recursos para fazer o trabalho”, declara. Ele atribuiu ao plano de drenagem a execução de 27 obras que teriam eliminado pontos críticos de alagamento em 21 bairros da cidade nos últimos três anos.
Como exemplo, aponta a colocação de 1,4 quilômetro de tubulação nas proximidades da reitoria da Universidade Federal de Pernambuco, na Cidade Universitária, Zona Oeste. O serviço foi executado na Rua Acadêmico Hélio Ramos. A prefeitura cita intervenção semelhante realizada na Avenida Boa Viagem, na Zona Sul, entre o Parque Dona Lindu e a pracinha do bairro. Esse trecho, no entanto, continua alagando em dias de chuvas intensas.
“Alagamento com um volume de chuva como o de hoje (a Apac registrou 235 milímetros no Recife, das 15h do domingo às 15h de ontem) não caracteriza problema na rede”, reforça o prefeito. “Em uma hora, das 5h às 6h, caiu 80 milímetros. Isso é precipitação de oito dias. Quando para de chover, essa água é escoada”, observa. Ele acrescenta que desde as 4h de ontem, quando a Apac emitiu o alerta de chuva forte, mais de mil técnicos deram início a uma ação integrada nas ruas.
Dos 99 canais que fazem parte do sistema de macrodrenagem do Recife, a prefeitura garante que já concluiu a limpeza de 22 e 39 estão em andamento. Geraldo Julio participou de debate na Rádio Jornal, na manhã de ontem, e aproveitou para avisar à população que as sete EcoEstações continuam funcionando para receber metralha, móveis, troncos e galhos de árvores.
“Qualquer pessoa pode descartar esse tipo de lixo nas EcoEstações, sem pagar nada”, afirma, lembrando que o despejo de lixo nos canais contribui para os alagamentos em dias de chuva. Há pontos de coleta no Ibura (Rua Rio Tapado, próximo à BR-101), Imbiribeira (Avenida Mascarenhas de Morais, próximo ao Viaduto Tancredo Neves), Campo Grande (Avenida Agamenon Magalhães, na entrada da Rua Odorico Mendes), Totó (esquina das Ruas Onze de Agosto e Nelson de Sena), Cohab (esquina das Avenidas Rio Largo e Santos), Torrões (Rua Maestro Jones Johnson) e Torre (Avenida Ciclovia República da Argélia, na Comunidade Santa Luzia).
O projeto Transforma Recife lançou ontem campanha para arrecadação de água, alimentos não perecíveis, utensílios domésticos, colchões, roupas e calçados, destinados às comunidades atingidas pela chuva. Doações podem ser feitas nas ONGs cadastradas no projeto, como o Centro Educacional Social e Cultural (Coqueiral), Amor e Esperança (Brejo de Beberibe, na frente da fábrica Kinitos), Gabriela Feliz (Novo Caxangá) e Amar (Centro Esportivo Santos Dumont, Boa Viagem).