HABITAÇÃO

Prefeitura vai entregar apenas 1.736 moradias em quatro anos

Valor representa 2,7% do déficit habitacional de 62 mil unidades

Felipe Vieira
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Felipe Vieira
Publicado em 08/06/2016 às 7:03
Alexandre Gondim/JC Imagem
Valor representa 2,7% do déficit habitacional de 62 mil unidades - FOTO: Alexandre Gondim/JC Imagem
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A promessa do prefeito Geraldo Julio (PSB) é apressar o passo e terminar o último ano de sua gestão entregando 1.142 novas moradias populares, totalizando 1.736 em quatro anos. O valor representa meros 2,7% do total de 62 mil famílias que, de acordo com a própria administração, não têm habitação digna na cidade. Em três anos, apenas 594 unidades habitacionais foram inauguradas na capital.

No cumprimento da meta de inaugurar os conjuntos, a gestão tem adversários de peso: o tempo, a crise financeira que estrangula o poder público e o período de campanha eleitoral – que provavelmente terá o próprio Geraldo como candidato à reeleição. Serão apenas sete meses para entregar quase o dobro do que foi feito em três anos. 

A maior parte dos habitacionais previstos pertence ao programa PAC Beberibe. O projeto é uma iniciativa em parceira com o governo federal e que consiste na retirada de famílias das áreas que margeiam o rio, para uma futura requalificação do espaço urbano

Ontem foi inaugurado mais um habitacional do PAC Beberibe, no bairro da Linha do Tiro, Zona Norte da cidade. Foram beneficiadas 64 famílias que viviam em áreas ribeirinhas dos bairros de Dois Unidos, Beberibe, e na própria Linha do Tiro. Batizado de Residencial Naná Vasconcelos, em homenagem ao famoso percussionista falecido em março, o conjunto custou R$ 4,2 milhões. A inauguração do habitacional contou com a apresentação de grupo de maracatu e a presença da viúva de Naná, Patrícia, e da filha de ambos, Luz Morena. A comemoração foi grande para quem vivia em meio a alagamentos e agora vai perder o medo da chuva.

“Existem cerca de mil moradias do PAC Beberibe em obras e haverá várias entregas até o final do ano, mesmo com o cenário muito ruim da economia. Vamos terminar a gestão tendo entregue perto de duas mil unidades habitacionais. É muita coisa”, diz o prefeito. 

A principal iniciativa municipal no campo da moradia e da urbanização, no entanto, deve ficar pela metade. A prefeitura adiantou que pretende, em 2016, concluir a primeira etapa, chamada de PAC Beberibe 1, que consiste em cerca de mil moradias já com esgotamento sanitário integrado.

A segunda parte, chamada de PAC Beberibe 2, prevê a construção da uma via marginal no lado recifense do rio (na outra margem está o município de Olinda), além do saneamento integrado de 23 ruas nos bairros de Passarinho, Porto da Madeira, Linha do Tiro, Arruda, Água Fria, Cajueiro, Fundão, Beberibe e Campina do Barreto. De acordo com o secretário municipal de saneamento, Alberto Feitosa, só será possível concluir o processo de licitação para os serviços, orçados em R$ 35 milhões.

Ainda na Linha do Tiro, na mesma rua em que foi erguido o Residencial Naná Vasconcelos, o motobói Marcos Mariz reclamava não ter tido a mesma sorte das famílias contempladas. Ele mora em um barraco erguido na margem do Rio Morno, e nos períodos chuvosos, devido ao avanço da água, precisa se mudar para a casa da sogra. “A gente fica feliz por quem conseguiu um teto melhor, mas ao mesmo tempo pede para que não esqueçam de nós”, afirma.

A prefeitura afirma estar trabalhando no cronograma de entrega de novos habitacionais para os próximos dois meses, mas não informou quais serão inaugurados.

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