Ele não é apenas um terminal integrado. É mais do que isso. O TI Abreu e Lima, que será inaugurado oficialmente hoje, mas entra em operação de fato no sábado, vai alterar toda a lógica da rede de transporte por ônibus no Norte da Região Metropolitana do Recife. É um marco do setor. Além de ser a maior unidade em área física – são quase 4 mil metros quadrados –, está previsto desde a concepção do Sistema Estrutural Integrado (SEI), nos anos 1980, e se arrasta em obras desde 2013. Embora esteja em Abreu e Lima, o TI muda a rotina de outros seis terminais integrados, permite a entrada de áreas de Olinda e do litoral de Paulista na integração do SEI e mexe com a vida de 160 mil passageiros diários.
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O TI Abreu e Lima precisa ser visto como algo além de um terminal integrado de ônibus. É uma unidade estruturadora para a consolidação do SEI na RMR e fundamental para firmar a rede do Corredor de BRT Norte-Sul. Entra em operação com 11 linhas (sendo duas de BRT), ao custo de R$ 15,4 milhões. E tem impacto direto nos TIs PE-15, Xambá e Rio Doce (Olinda), Pelópidas Silveira (Paulista), Igarassu (Igarassu) e Macaxeira (Recife). Como explicam os técnicos do Grande Recife Consórcio de Transportes (GRCT), o TI vai arrumar o que estava desarrumado. As linhas de Abreu e Lima que estavam sendo acomodadas em Paulista (no TI Pelópidas Silveira) vão para o novo TI Abreu e Lima. E assim sucessivamente. As linhas de Paulista que deveriam estar no TI Pelópidas Silveira, mas eram jogadas para o TI PE-15 (Olinda) por falta de espaço, também retornam ao seu terminal de origem.
No caso de Olinda, as vantagens são ainda maiores. Com a saída das linhas de Paulista, a cidade ganha o direito à integração no TI PE-15. Até então, os passageiros do município não estavam no SEI. Só tinham direito se entrassem diretamente pelo TI. “É claro que muitos usuários que utilizam essa rede vão ter que fazer mais um transbordo, mas essa é a concepção do SEI, da nossa integração. Pelo menos 75% dos passageiros do SEI fazem, no mínimo, um transbordo, no sistema. Muitos, fazem dois, três. Essa é a lógica da integração. Haverá perdas para alguns, mas os ganhos são muitos e bem maiores do que as perdas. Isso precisa ser ressaltado”, alerta o diretor de planejamento do GRCT, Alfredo Bandeira, já prevendo reclamações.
O sentimento entre operadores e gestores é de vitória, principalmente para aqueles que vivem o setor desde a concepção do SEI e esperaram todos esses anos pela inauguração do TI Abreu e Lima. Na prática, com exceção das duas novas linhas de BRT (TI Abreu e Lima/Dantas Barreto e TI Abreu e Lima/PCR), o novo TI terá praticamente uma rede que já existia, mas estava espalhadas por outros terminais. “Para nós é uma grande vitória conseguir essa conclusão. Corremos contra o tempo e as dificuldades financeiras para conseguir. Estaremos permitindo a entrada de Olinda no SEI e do litoral de Paulista também”, comemora o presidente do GRCT, Francisco Papaléo.
O TI passou por muitos ajustes – alguns deles amadores, como o erro de projeto para entrada dos veículos que saem da BR-101 Norte, feito e refeito duas vezes –, ficou com as obras paralisadas por quase um ano, mas agora que está pronto é merecedor de aplausos. A estrutura é de primeira, o conforto oferecido aos passageiros indiscutível e a possibilidade de novas ligações integradas um fato para a população da região Norte. Também representa a quase conclusão do projeto de BRT do Corredor Norte-Sul. Com o início da operação do TI, a rede de BRT estará quase completa. Ficará faltando apenas uma linha de BRT saindo do TI Igarassu, que não será criada agora por falta de estações no trecho de Abreu e Lima.