URBANISMO

Ilha de Deus sofre com paralisação de projeto

Iniciada em 2007, urbanização da comunidade foi descontinuada

JC Online
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Publicado em 02/07/2016 às 7:13
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Iniciada em 2007, urbanização da comunidade foi descontinuada - FOTO: Diego Nigro/JC Imagem
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Até 2007, a Ilha de Deus, no bairro da Imbiribeira, Zona Sul do Recife, era um emblema da miséria, talvez o maior da cidade. Uma comunidade formada por pescadores e catadores de sururu cujos barracos de madeira se equilibravam precariamente sobre o mangue. Água encanada e esgoto eram sonhos distantes. Naquele mesmo ano, Eduardo Campos se elegia governador, escolhendo a localidade para receber o primeiro projeto de urbanização de sua gestão. Saíram os barracos, vieram as casas de alvenaria. O saneamento básico deu as caras, pela primeira vez, na vida de muitas pessoas. Mas a descontinuidade do projeto, na esteira da crise financeira que assola o País, já assusta os moradores. A impressão é de que a Ilha de Deus está paralisada. Há muitas casas ainda inacabadas, e alguns barracos já começam a ser construídos, de novo, no mangue. A creche prevista no projeto ficou apenas na fundação. A tão esperada água parou de jorrar das torneiras. O esgoto retorna e infesta as ruas. O medo da comunidade é o de voltar a ser ilhada, no pior sentido da palavra.

A reclamação com o saneamento básico está na ponta da língua dos habitantes da Ilha de Deus. Segundo eles, já são dois meses sem uma gota de água. Também alegam que o sistema de esgoto foi subdimensionado para a quantidade de moradores do local. Os entupimentos são constantes e o retorno da água contaminada traz o cheiro insuportável que pode ser sentido em toda a localidade. 

É aí que acontece o primeiro choque de retorno à velha realidade. Para tomar banho, cozinhar, além de lavar pratos e roupas, a comunidade apela para bombas caseiras ligadas de forma precária à tubulação. E quem não quer ficar com a bacia sanitária entupida tem que fazer ligações clandestinas de esgoto ao custo de R$ 50. Para onde vão os detritos? Para o mangue, como nos velhos tempos.

Em nota, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) afirma que os sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário da Ilha de Deus foram implantados através de uma obra executada pela Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado (Seplag). “A operação de ambos não foi repassada integralmente à Compesa, principalmente as unidades eletromecânicas. Por isso, a dificuldade enfrentada no serviço de manutenção das estações elevatórias.” 

Mesmo sem receber formalmente o sistema, a Compesa afirma continuar trabalhando na área. “Foram finalizados no dia 20 de junho os serviços de manutenção do sistema de abastecimento, quando foi retomada a distribuição de água na área.” Quanto ao sistema de esgoto, a Compesa afirma que tentará contato com a Seplag, para propor uma ação conjunta que possibilite as ações de melhoria no funcionamento da unidade.

A única ação do governo do Estado ainda em atividade na Ilha de Deus é o projeto PE no batente, da Secretaria de Desenvolvimento Social. O projeto visa à capacitação profissional da comunidade, e hoje atende 225 pessoas. Desde 2010, de acordo com a secretaria, foram 1,8 mil capacitados na localidade. Não existe perspectiva para a retomada das obras.

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