CASO JÚLIA

Com a volta de Júlia, a casa da família volta a ter alegria

Depois de 14 dias viajando com o pai sem a permissão da mãe, Júlia Alencar, 1 anos e 10 meses, retornou para casa na tarde de segunda-feira

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 27/07/2016 às 7:13
Foto: Guga Matos / JC Imagem
Depois de 14 dias viajando com o pai sem a permissão da mãe, Júlia Alencar, 1 anos e 10 meses, retornou para casa na tarde de segunda-feira - FOTO: Foto: Guga Matos / JC Imagem
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Logo na entrada do apartamento, em Olinda, no Grande Recife, já se percebia a diferença. Brinquedos espalhados pela sala denunciaram que a “luz dessa casa”, como afirmou a servidora pública Cláudia Cavalcanti, 42 anos, estava de volta. Sorridente, falando pequenas palavras como mamão e mamãe, correndo pelos cômodos e com a camiseta melada de melancia, a pequena Júlia Cavalcanti de Alencar, 1 anos e 10 meses, era só alegria ontem à tarde. Depois de passar 14 dias longe de casa, viajando com seu pai por nove cidades de cinco Estados brasileiros sem o consentimento da mãe, a menina só queria saber de ficar grudada justamente naquela que a carregou nove meses na barriga.

“Ela me quer perto o tempo todo. Nem no banheiro posso ir. Mas pensei que Júlia demorasse mais a se adaptar. Não deu tempo ainda de voltar totalmente à rotina, mas acredito que será mais rápido do que eu imaginava. A sensação de tê-la de volta é maravilhosa”, afirmou Cláudia.

Durante a noite, a criança não dormiu no seu berço. “Eu quis que dormisse comigo na minha cama. Ela dormiu até mais que o normal. Eu é que acordei algumas vezes durante à noite, fiquei olhando para ela e agradecendo porque estava ali comigo”, comentou Cláudia.

Quando acordou, a menina pediu seu leite, como de costume. “Estranhei porque ela pediu outras vezes para tomar o leite, o que não acontece no dia a dia. Acho que talvez porque durante a viagem estivesse tomando leite o tempo todo”, contou a mãe da garota. No almoço, Júlia comeu feijão, legumes, tomou suco de maracujá.

Amanhã ela vai a uma consulta com a pediatra. “Mas já conversei com a média e estou dando um antialérgico”, disse Cláudia. As marcas de picadas de inseto ainda são percebidas nos braços e pernas da pequena. Por dois dias ela dormiu em um barco com o pai na cidade Santana, no Amapá, local em que os dois foram encontrados pela polícia sábado passado.

PRISÃO

Para o pai de Júlia, o engenheiro Janderson Rodrigo Salgado Alencar, foi disponibilizada uma cela, compartilhada com até cinco presos, com cama de concreto, banheiro, uma TV e um ventilador, já que ele tem curso superior. Janderson está preso desde segunda-feira no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, Região Metropolitana do Recife. Ontem recebeu a visita do advogado contratado pela família para defendê-lo, Jairo Cavalcanti, que está avaliando ainda quais medidas legais vai tomar. Apesar da cela diferenciada, o pai da menina segue a rotina comum da unidade.

A prisão do engenheiro foi pedida baseada no artigo 237 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Se condenado, poderá ficar preso de dois a seis anos, além de ter que pagar multa. O tempo de detenção pode aumentar caso sejam constados maus-tratos no exame de corpo de delito feito em Júlia. O crime de ameaça contra a ex-mulher e mãe da menina, e a desobediência à ordem judicial que o obrigava a devolver a filha à mãe no mesmo dia da visita também podem agravar a pena.

Somente a partir do próximo domingo ele poderá receber visitas da família, segundo a Secretaria-Executiva de Ressocialização (Seres). Anteontem, um irmão, a cunhada e um tio de Janderson estavam no Aeroporto Internacional do Recife para falar com ele antes do engenheiro seguir para a unidade prisional.

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