URBANISMO

Canal do Arruda e entorno sempre repletos de lixo

Resíduos estão em toda parte, ao longo da Avenida Professor José dos Anjos. Requalificação do canal, promessa da atual gestão municipal, não saiu do papel

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 05/08/2016 às 7:29
Foto: Alexandre Gondim / JC Imagem
Resíduos estão em toda parte, ao longo da Avenida Professor José dos Anjos. Requalificação do canal, promessa da atual gestão municipal, não saiu do papel - FOTO: Foto: Alexandre Gondim / JC Imagem
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A inauguração, um mês atrás, de um galpão de triagem de resíduos recicláveis no bairro do Arruda, Zona Norte do Recife, ainda não mudou o degradante cenário da via onde está instalada a cooperativa. A Avenida Professor José dos Anjos vive repleta de lixo, sobretudo nas proximidades do estádio do Santa Cruz. Sacos, restos de metralha, garrafas pet, carcaças de eletrodomésticos e toda sorte de entulhos são descartados sem o menor constrangimento. E para frustração dos moradores, um projeto de requalificação do canal Arruda-Vasco da Gama e de suas margens, anunciado pela atual gestão em fevereiro de 2013, até hoje não saiu do papel.

“Tudo que não presta o povo joga no canal. Sempre tem lixo, não adianta a prefeitura limpar”, afirma o servente de pedreiro Everaldo Xavier de Oliveira, 49 anos, morador do Arruda há três décadas. “Ficamos tão animados quando disseram que iriam ajeitar o canal, limpá-lo, construir uma praça. Infelizmente nada foi feito até agora”, complementa Everaldo. Ele mostra uma árvore que caiu cerca de quatro meses atrás e ainda não foi retirada. Pertinho dali, três cavalos comem grama tranquilamente alheios ao movimento de carros na rua. Em alguns pontos, carros estacionados nas margens do canal reforçam a ideia que não há qualquer controle urbano.

Gilvan Alves, 54, sobrevive da venda de reciclável. Compra o que cinco catadores recolhem do canal e revende. “Se fizessem mesmo essa obra no canal a gente respeitaria e não colocaria mais o material na beira do canal. O que a prefeitura fez até agora foi muito mal feito. Mexeram na pista. Deixaram as tampas de esgoto mais altas que a rua, provocando vários acidentes”, comenta Gilvan. “É muita sujeira dentro do canal. Recolho muitas latas e garrafas pet”, diz Júnior Ferreira, 26, um dos que vende o lixo que cata para Gilvan. Por cada carroça cheia de material reciclável ele ganha entre R$ 30 e R$ 40.

A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informa que removeu, entre abril e junho, 260 toneladas de resíduos do Canal do Arruda, ao custo de R$ 190 mil. Sobre a requalificação do canal, a Empresa de Urbanização do Recife (URB) diz que efetuou a reposição e instalação de placas de revestimento e dragagem do trecho que vai da Avenida Norte até a Avenida Beberibe. Não há previsão para construção das áreas de lazer, ciclovia, pista de cooper e quiosques prometidos. Orçada em R$ 83 milhões (R$ 9 milhões já investidos), não há dinheiro para executar a obra, explica a gestão municipal, devido ao “cenário de crise que o País enfrenta”.

COOPERATIVA - Dentro da Cooperativa Ecovida Palha de Arroz também há lixo. Mas com um tratamento diferente do que existe ao longo da Avenida Professor José dos Anjos. Trinta e cinco pessoas, sendo 33 mulheres e dois homens, separam papel, vidro, papelão, plástico, alumínio. Depois colocam numa prensa e formam fardos de até 400 quilos. Quando juntarem três toneladas – até agora somam uma tonelada – vão vender. O trabalho, que começou em 5 de julho, segue todos os dias de segunda à sexta-feira das 8h às 17h, com duas horas de intervalo para almoço.

“Saímos das ruas, agora não levamos sol e chuva. Trabalhamos com equipamentos de proteção e vamos vender diretamente para as empresas, sem passar pelos atravessadores. O ganho será maior”, comemora a presidente da cooperativa, Maria José dos Santos, 45.

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