VIOLÊNCIA

Família de garoto vítima de bala perdida diz que primo dele foi espancado pela PM

Parentes de Kauan Vinícius da Silva, 11 anos, afirmam que um adolescente de 16 anos, primo do garoto, apanhou de policiais militares na noite de sexta-feira

JC Online
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Publicado em 06/08/2016 às 15:18
Foto: Bobby Fabisak /  JC Imagem
Parentes de Kauan Vinícius da Silva, 11 anos, afirmam que um adolescente de 16 anos, primo do garoto, apanhou de policiais militares na noite de sexta-feira - FOTO: Foto: Bobby Fabisak / JC Imagem
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Familiares do garoto Kauan Vinícius da Silva, 11 anos, vítima de uma bala perdida na tarde de sexta-feira, na comunidade Alto da Bela Vista, no bairro do Totó, Zona Oeste do Recife, denunciam que um primo do garoto, 16 anos, foi espancado por policiais militares. Segundo a família, a agressão teria acontecido após protesto dos moradores, realizado no início da noite de ontem. A comunidade diz que Kauan foi baleado por um PM enquanto empinava pipa com outras crianças.

O menino está internado na UTI do Hospital Otávio de Freitas, no bairro do Sancho. Passou por uma cirurgia na noite de sexta-feira. “A médica disse que o quadro dele é estável. Kauan não está consciente”, afirmou uma tia dele que não quis se identificar. A bala atingiu o lado direito do tórax do garoto, que foi socorrido por PMs do 12º Batalhão, os mesmos que, conforme testemunhas, teriam atirado nele.

“Kauan está no hospital, a bala atingiu o pulmão dele. Meu sobrinho de 16 anos está todo machucado. Ameaçaram ele e outro rapaz de morte. Acho que só não fizeram isso porque a mãe dele passou a noite todinha atrás deles até achá-los. O rapaz está inchado. A gente tem medo porque os PMs disseram que sabem onde eles moram e voltariam para matar a família toda, um por um, se fossem denunciados”, comentou outra tia do adolescente de 16 anos.

Depois do protesto, PMs teriam levado dois rapazes e o adolescente de 16 anos, por volta das 18h. A versão da família é que a viatura com esses três rapazes desapareceu. Somente a 1h deste sábado os três teriam sido deixados no Hospital Otávio de Freitas. Na manhã deste sábado já tinham sido liberados.

“Os PMs bateram muito no meu outro sobrinho de 16 anos. Levaram ele para uma mata. Isso não pode acontecer, a polícia existe para proteger os cidadãos. Vamos denunciar à Justiça e cobrar do Estado por danos morais”, garantiu um tio de Kauan e do adolescente. “Nosso protesto era pacífico até que a polícia começou a atirar balas de borracha contra a gente. Fizemos o protesto para chamar a atenção das autoridades porque a polícia não pode vir na comunidade e sair atirando. Somos cidadãos e trabalhadores”, comentou esse tio.

OUTRO LADO

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que “policiais militares do Batalhão de Polícia de Radiopatrulha relataram, em Boletim de Ocorrência, que prestaram socorro de urgência a uma criança vítima de tiro para o Hospital Otávio de Freitas, em Tejipió, onde ficou em observação”.

O comunicado ainda diz que, aproximadamente às 18h, durante protesto, “vários manifestantes atiraram pedras contra os policiais militares, sendo três deles detidos, e um soldado do 12° Batalhão, que atuava na mobilização, foi atingido no pé direito por disparo de arma de fogo, com autoria ainda desconhecida”. De acordo com a corporação, o militar passa bem.

A PM encerra a nota afirmando que “considera os dois episódios graves e distintos e que a corporação tem interesse na apuração rigorosa dos fatos e elucidação dos casos, razão pela qual repudia, de um lado, toda e qualquer ação ilegal por parte dos seus agentes, e de outro, que resulte em presunção de culpa e comportamentos violentos contra PMs de serviço e que atuam, tão somente, para garantir a tranquilidade da população”.

Sobre a denúncia de que houve agressão ao adolescente de 16 e aos outros dois rapazes, a Assessoria de Comunicação da PM prometeu averiguar.

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