Redes de proteção

Redes de proteção de janelas devem ser revisadas uma vez por ano

Alerta é feito por empresas que instalam redes de proteção. Maresia e sol em excesso reduzem tempo de vida útil dos materiais. Corda de uma tela não resistiu e garoto caiu do 21º andar, em maio

Da Editoria Cidades
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Publicado em 20/08/2016 às 8:08
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Alerta é feito por empresas que instalam redes de proteção. Maresia e sol em excesso reduzem tempo de vida útil dos materiais. Corda de uma tela não resistiu e garoto caiu do 21º andar, em maio - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Os primeiros resultados do inquérito que apura a morte do menino Matteo Melaragni, 6 anos, acende um alerta para a necessidade de manutenção das redes de proteção de janelas e varandas. A criança caiu do 21º andar do apartamento onde morava, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, em maio de 2016. De acordo com a perícia, a corda de sustentação da tela estava avariada e se rompeu com o peso do garoto. Especialistas avisam que a revisão deve ser feita uma vez por ano.

“De modo geral, o fabricante dá cinco anos de garantia para a tela, mas o ideal é a manutenção anual”, afirma Ari Rodrigues, proprietário da loja Tiro Certo, na Rua da Praia, Centro do Recife. Sol e maresia podem diminuir o tempo de vida útil da rede, da corda de sustentação e dos ganchos chumbados na parede, justifica. Depois do acidente com Matteo, o comerciante passou telefonar para os clientes e oferecer revisão gratuita nos equipamentos instalados há mais de um ano.

O serviço, diz ele, consiste em forçar a rede para testar o grau de resistência. Havendo necessidade, é indicada a substituição de cordas e ganchos. “A tela aguenta cinco anos, mas o desgaste da corda é mais rápido porque ela está o tempo todo esticada, enquanto a rede é mais mole”, explica. A escolha dos ganchos – de material inoxidável ou galvanizado – também é importante, comenta Ari Rodrigues. São eles que dão a segurança da rede.

“Embora seja mais caro, o ideal é o gancho de inox. O galvanizado enferruja com o tempo e isso corta a corda”, afirma o comerciante. Ele disse que os clientes residentes em bairro da Zona Norte, como Parnamirim e Aflitos, optam pelo gancho galvanizado. Mas os moradores das áreas onde a maresia é forte, escolhem os ganchos de aço inoxidável.

O espaçamento entre os ganchos, em obediência às normas técnicas, deve ser de 30 centímetros. Ari Rodrigues acrescenta que, em perfeitas condições, a tela tem capacidade para sustentar até 300 quilos e a corda segura cerca de 200 quilos, com certificado do fabricante.

Matteo Melaragni despencou da janela do quarto de dormir do Edifício Sun Park, localizado no Condomínio Evolution Shopping Park. Em entrevista coletiva na Delegacia de Boa Viagem, na manhã de sexta-feira (19), o delegado Carlos Couto, responsável pelo inquérito, disse que houve falha na instalação da tela, falha no material usado ou as duas coisas juntas.

PERÍCIA

“Por falta de maquinário adequado, o Instituto de Criminalística não teve condições técnicas de responder a todas as questões que fizemos. O teste de envelhecimento da corda, por exemplo, não pôde ser feito. Mas os exames realizados foram muito úteis”, afirma Carlos Couto, titular da Delegacia de Boa Viagem. O peritos contataram, ainda, desgastes na rede de proteção da sala de estar do apartamento e do quarto do irmão mais novo de Matteo.

A perícia identificou pegadas do garoto na esquadria de alumínio e fragmentos da corda avariada. A rede tinha sido colocada há um ano e quatro meses, a pedido do proprietário do imóvel. Quando a família de Matteo alugou o apartamento, já encontrou as telas. Ao prestar depoimento, o profissional que fez a instalação disse que agiu como de costume.

Ele comprou a rede e a corda a um fornecedor habitual, de uma fábrica da Paraíba. “Segundo ele, nos primeiros dois anos após a instalação, basta fazer limpeza. Vamos ouvir o dono da fábrica, ainda este mês, e saber o que ele tem a dizer”, declara o delegado. “As provas coletadas até agora são suficientes para indiciar o instalador ou o fabricante, ou os dois, por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar).” A pena é de um a três anos de detenção.

Carlos Couto pretende concluir o inquérito este mês ou no início de setembro. “Falta ouvir o dono da fábrica no distrito industrial da Paraíba”, informa.

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