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Passeio para desbravar a Ilha de Deus, comunidade pesqueira do Recife

Localizada na Imbiribeira, a Ilha de Deus é um reduto de catadores de sururu e marisco

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 01/09/2016 às 8:08
Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Se você é um apreciador de sururu provavelmente já deve ter degustado moluscos fornecidos pela Ilha de Deus, comunidade pesqueira localizada no bairro da Imbiribeira, na Zona Sul do Recife. É lá que eles catam e cozinham o bicho, antes de oferecerem ao mercado, num processo antigo e artesanal que poderá ser acompanhado todo sábado por pessoas interessadas em fazer visitas turísticas ao lugar, cercado pelo mangue e banhado pelos Rio Pina, Jordão e Tejipió.

Habitada por duas mil pessoas, que vivem basicamente da pesca do sururu, a Ilha de Deus passa a integrar, a partir do próximo sábado, o novo roteiro do Catamaran Tours. O passeio terá cerca de duas horas de duração, saindo da sede da empresa, no bairro de São José, no Centro do Recife, às 10h. São 30 minutos para ir, mais meia hora para retornar e uma hora em terra firme para conhecer a comunidade, a pé.

Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
Catamaran Tours lança passeio turístico para a Ilha de Deus, na Imbiribeira, Zona Sul do Recife - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Roteiro para Ilha de Deus é feito em duas horas, aos sábados pela manhã, saindo do Centro do Recife - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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O catamarã tem capacidade para 120 pessoas, mas a ideia é levar 80 visitantes por vez para a ilha - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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A embarcação sai do Cais de Santa Rita, vai margeando Brasília Teimosa e segue navegando no Rio Pina - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Palafitas entre as Pontes Agamenon Magalhães e Paulo Guerra, no Pina, estão no percurso do passeio - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Embarcação passa sob as Pontes Agamenon Magalhães e Paulo Guerra, que ligam o Centro e a Zona Sul - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Manguezal, pescadores e o paredão de prédios do Recife compõem a paisagem à caminho da Ilha de Deus - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Urbanizada pelo governo do Estado, Ilha de Deus teve as palafitas substituídas por casas de tijolos - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Comunidade pesqueira banhada pelos Rios Pina, Tejipió e Jordão, a ilha é habitada por 2 mil pessoas - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Praticamente 90% da renda da comunidade, na Imbiribeira, é garantida pela pesca e catação de sururu - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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O catamarã tem capacidade para 120 pessoas, mas a ideia é levar 80 visitantes por vez para a ilha - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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No passeio a pé os visitantes são recepcionados por um condutor turístico, que apresenta a ilha - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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No passeio de uma hora pela Ilha de Deus, os visitantes conhecem as origens e as lutas dos moradores - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Sulamita Dionísio aprendeu a catar sururu com os avós e os pais. E já ensinou o ofício aos filhos - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Lições de sustentabilidade no hostel da Ilha de Deus: garrafas PET são usadas em canteiros e hortas - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Ong Saber Viver atua na ilha desde 1983 e pretende plantar 20 mil mudas de mangue na área até 2018 - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Durante o passeio à Ilha de Deus o visitante poderá acompanhar o trabalho dos pescadores de sururu - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Fábio Herculano, morador e condutor turístico, conduz os visitantes no passeio pela comunidade - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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A Ilha de Deus era usada só para pesca. Virou moradia com o êxodo rural de pessoas da Zona da Mata - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Espigões do Recife e suas pontes são contemplados no trajeto até a Ilha de Deus, na Imbiribeira - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Garças, sozinhas ou em bando, são avistas ao longo do manguezal ou pegando peixes no rio, no passeio - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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O catamarã passa debaixo de três pontes no percurso para a comunidade pesqueira da Ilha de Deus - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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O catamarã passa debaixo de três pontes no percurso para a comunidade pesqueira da Ilha de Deus - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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O catamarã passa debaixo de três pontes no percurso para a comunidade pesqueira da Ilha de Deus - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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A pesca e catação de sururu na Ilha de Deus ainda é artesanal e o trabalho mobiliza toda a família - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Com a maré cheia, catamarã retorna da ilha margeando o Cais José Estelita, na área central do Recife - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Com a maré cheia, catamarã retorna da ilha margeando o Cais José Estelita, na área central do Recife - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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O passeio custa R$ 55 (adulto) e R$ 30 (crianças de 6 a 10 anos). Reservas pelo fone (81) 3424-2845 - Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem

 

O roteiro foi lançado quarta-feira (31) com uma demonstração para jornalistas e agentes de turismo. Eram 11h30 quando a embarcação deixou o cais, margeando o bairro de Brasília Teimosa e navegando em direção ao Rio Pina. Passou por baixo das Pontes Agamenon Magalhães, Paulo Guerra e Estaiada (aquela que leva ao RioMar Shopping), deixando para trás uma paisagem de prédios (antigos, novos ou em construção), armazéns, cúpulas e torres de igrejas.

Garças em bando e bateiras de pescadores em atividade nos rios vão pontuando o caminho. “Nossa proposta é contar aos visitantes a história da ilha e as conquistas dos moradores, mostrar a atuação da ONG Saber Viver, a pesca de sururu e de marisco, os viveiros de camarão, o artesanato local e o hostel (hospeda intercambistas que fazem projetos sociais na ilha)”, diz Juliana Britto, diretora da Catamaran Tours.

Quem conduz essa história é Fábio Herculano Brito, morador da ilha que atua como condutor turístico no passeio de catamarã. Acostumado a entrar e sair de casa pela ponte que liga a comunidade ao continente, ele agora faz o caminho fluvial. “Quem conheceu a ilha antes do projeto de urbanização, vai perceber a mudança. As palafitas foram substituídas por casas de tijolos e as ruas estão pavimentadas”, comenta Fábio.

VISIBILIDADE

A inclusão da Ilha de Deus no roteiro é resultado de uma parceria do Catamaran Tours com a ONG Saber Viver, que desenvolve atividades no local há 33 anos. Tudo começou com a ida de um professor e alunos de turismo da Faculdade Guararapes aos moradores, diz Paula Chacon, voluntária da instituição. “No trabalho apresentado após a visita, um dos alunos sugeriu colocar a ilha na rota do catamarã”, declara.

Na avaliação de Paula e Fábio, os passeios poderão estimular um potencial econômico novo de desenvolvimento, sustentado no turismo de base comunitária. “Além de apontar para outras opções de renda, os problemas enfrentados pelos habitantes terão visibilidade”, observa Paula. “Saber que gente de fora está interessada em conhecer essa história eleva a autoestima da população”, acrescenta Fábio.

Zenaide Sacramento, integrante do Conselho de Mulheres, aprova o roteiro. Mas avisa que os problemas não podem ser esquecidos. “Precisamos de melhorias. Há casas sem contador de luz e a energia é puxada dos postes. Fossas estouraram e não consertaram”, diz. Pescadora aposentada, ela continua trabalhando na catação de sururu.

PLANTIO

“A Ilha de Deus é uma comunidade com visão futurista de cuidados com o meio ambiente e sustentabilidade, queremos evidenciar isso”, diz Juliana. No passeio, Fábio informa que a meta da Saber Viver é fazer o plantio de 20 mil mudas de árvores de mangue na localidade, até meados de 2018, para repor a vegetação destruída para a implantação de viveiros.

O passeio deve ser agendado pelo número (81) 3424-2845. Custa R$ 55 (adulto), R$ 30 (criança de 6 a 10 anos) e cortesia para menores de 5 anos.

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