A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) vai solicitar o tombamento de prédios de propriedade da entidade, pelo interesse arquitetônico, estético e histórico das edificações. Inicialmente, os pedidos serão encaminhados ao governo do Estado, mas não está descartada a possibilidade de a fundação ir em busca de proteção federal, pelo menos para o Engenho Massangana.
Diretor de Memória, Educação e Arte da Fundaj, o arquiteto Antônio Montenegro informa que o processo vai começar com dois imóveis: o casarão onde morou o industrial Delmiro Gouveia (1863-1917), construção eclética de meados do século 19, e o Edifício Renato Carneiro Campos, exemplar da arquitetura moderna dos anos 60, localizados no bairro de Apipucos, Zona Norte do Recife.
A ideia é formalizar os pedidos de tombamento na Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), em outubro de 2016. Segundo Antônio Montenegro, o casarão eclético foi restaurado em 2015 para abrigar um novo setor da Fundaj, a Villa Digital, onde já encontra-se disponível para pesquisa parte do acervo digitalizado da entidade – fotos, textos e audiovisual.
“O Edifício Renato Carneiro Campos traz soluções modernas, como o teto-jardim, uma moda na época”, observa. Antônio Montenegro acrescenta que o prédio foi construído para ser um dos centros de pesquisas do Inep no Recife, locais onde eram desenvolvidas experiências inovadoras em educação pelo governo federal (da década de 50 até os anos 70). O casarão, na frente do prédio modernista, também foi usado nessa experiência, diz ele.
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Hoje, o Edifício Renato Carneiro Campos funciona como a Diretoria de Pesquisas Sociais da fundação. O projeto de restauração do imóvel, que prevê a recuperação do teto-jardim acima do auditório e a reabertura do auditório, está quase pronto. Dando continuidade ao processo, a Fundaj pretende solicitar o tombamento estadual da sede do Museu do Homem do Nordeste, em Casa Forte, bairro da mesma região.
“É o primeiro prédio feito no Recife especialmente para ser um museu. A gente percebe até hoje a funcionalidade do edifício”, destaca Antônio Montenegro. Na época, diz ele, o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) lançou um concurso nacional para escolher o arquiteto responsável pela obra. O museu foi inaugurado em 1979 e resgata, pelo acervo, a história da formação do povo nordestino.
MASSANGANA
As vidraças grandes, os planos abertos e os pilotis caracterizam a planta modernista da edificação, afirma Antônio Montenegro. “Preservar o patrimônio é uma das missões da Fundaj e esse é um desejo antigo da presidência”, comenta. Com relação ao Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho, município do Grande Recife, ele disse que o conjunto é tombado pelo Estado.
O pedido para tombamento nacional está apoiado em razões históricas, justifica. Na casa-grande de Massangana o abolicionista Joaquim Nabuco (1849-1910) passou parte da sua infância, argumenta. O engenho do século 19, restaurado e aberto à visitação (casarão e Capela de São Mateus), pertencia à madrinha de Nabuco.
Dois prédios ocupados pela fundação são classificados pela Prefeitura do Recife como Imóveis Especiais de Preservação (IEP). Um deles é o Edifício Francisco Ribeiro Pinto Guimarães, do fim do século 19, em Casa Forte, ao lado do Museu do Homem do Nordeste. Francisco Ribeiro era um rico comerciante de açúcar no Recife e o solar, provavelmente, era usada para negócios e não como moradia, diz o arquiteto.
O outro IEP é o Edifício Ulysses Pernambucano, no Derby, área central do Recife. A construção, com características art déco, passa por restauração e o serviço deve estender-se até 2017. Quando estiver concluído, o público terá de volta o Cinema da Fundação, uma galeria de arte ampliada de tamanho e sala de leitura.