"Até quando as pessoas com deficiência receberão tantos nãos?", essa é a pergunta feita pela paratleta Maria Eugênia Brito, 30, após ter sido eliminada do concurso público da Polícia Civil de Pernambuco. Segundo a mulher, que também é professora e jornalista, na última fase do concurso, o teste físico, ela foi reprovada por causa da deficiência física que possui.
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Após passar pela primeira e segunda fase do concurso, Eugênia chegou à fase de testes de aptidão física. Mesmo inscrita nas vagas de escrivão reservadas para pessoas com deficiência, ela foi reprovada e não entende por qual motivo.
"Liguei para lá várias vezes antes de ir fazer a prova de aptidão e as informações eram sempre desencontradas. Às vezes me diziam que eu não precisava levar atestado no dia da prova e por outras vezes nem respondiam aos meus e-mails sobre como seriam as provas", esclarece a paratleta.
No dia dos testes, Maria Eugênia levou um atestado "para constatar a deficiência" e, após realizar as provas de barra fixa e natação, viu-se impedida de concluir os testes por, na categoria já pensada para pessoas com deficiência, existir provas de salto e corrida, impossíveis de serem realizadas por ela.
"Não existia opção dentro da minha própria deficiência. Eu disse a eles que não poderia fazer o resto. Eles não sabiam o que fazer comigo", conta.
Maria é deficiente física por conta de uma lesão medular, mas não se sente impotente por conta disso. "Não podemos entrar em vários lugares porque também não são acessíveis. Não podemos sair de casa que somos olhados como extraterrestres. Somos tidos como incapazes. Eu definitivamente não sou incapaz de nada".
Defesa
A notícia da reprovação foi recebida ontem por Eugênia. Até esta quarta-feira (5), a jovem entrará com um recurso contra o resultado e avaliará também medidas judiciais que possam ser tomadas.
A Secretaria de Defesa Social (SDS) já tomou conhecimento do caso. Em nota, a SDS esclareceu que a "deficiência não pode ser empecilho" para que Maria Eugênia realize todas as etapas do certame.