VIOLÊNCIA

Assaltos a bancos exigem reação do governo

Foram três ocorrências apenas na madrugada de ontem

JC Online
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Publicado em 14/10/2016 às 8:30
Reprodução/Polícia Federal
Foram três ocorrências apenas na madrugada de ontem - FOTO: Reprodução/Polícia Federal
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A nova madrugada de terror vivida ontem por moradores dos municípios de Barreiros, no Litoral Sul do Estado, Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, mostra que ainda falta muito para o poder público reagir contra as quadrilhas especializadas em roubos a bancos com o uso de explosivos. Já são 46 as investidas registradas em todo Estado neste ano, seis apenas em outubro (na madrugada da quarta-feira, foram explodidas agências de Iati e Jataúba, no Agreste, e Goiana, na Mata Norte). Considerando as 42 semanas de 2016 decorridas até aqui, trata-se de uma ação para cada semana.

O método violento não muda. Nos três casos foram usados explosivos para abrir agências e caixas eletrônicos. No Cabo, a agência do Santander da Avenida Historiador Pereira da Costa teve os cinco caixas destruídos. Em Jaboatão, a “vítima” foi o aparelho de transações financeiras que fica dentro de um mercado no bairro de Sucupira. Mas uma das ações mais ousadas desde o início da onda de assaltos a bancos com explosivos, em meados de 2015, aconteceu em Barreiros.

Por volta de 2h30, cerca de 30 homens começaram um cerco à cidade. Munidos de motosserras, derrubaram uma árvore no principal acesso, a PE-60, nas proximidades da entrada de Tamandaré. Incendiaram um carro em cima da ponte que fica sobre o Rio Una, já na entrada de Barreiros. Depois seguiram para duas agências bancárias localizadas no centro do município.

No Bradesco retiraram, com ajuda de maçaricos, os compartimentos de dinheiro de cinco caixas eletrônicos. Na Caixa Econômica Federal (CEF), a cerca de 300 metros dali, explodiram os dois cofres e levaram uma quantia – não revelada pela instituição – em dinheiro. O restante da ação seguiu o mesmo script das investidas anteriores registradas no Estado: grampos nas ruas, armamento pesado, tiros disparados para o alto e nos imóveis onde funcionam a delegacia e a Companhia da Polícia Militar.

Contra a superioridade numérica e bélica dos bandidos não havia nada a ser feito. No momento da ação, apenas cinco policiais trabalhavam em Barreiros: dois nas ruas e três no destacamento. A delegacia estava fechada.

VIOLÊNCIA

Um comerciante que viu toda a ação relata, sob anonimato, que os homens chegaram a gritar “o problema não é com a população, a gente só quer o dinheiro”. “Estavam todos de touca ninja e armados de fuzis. Atiraram em alguns carros só para intimidar”, diz. Por volta de 4h o grupo fugiu. Na agência da Caixa Econômica, os criminosos deixaram uma bolsa com explosivos. O grupamento antibomba da Polícia Federal (PF) foi acionado para desmontar o artefato.

No início da tarde de ontem, a PM admitia a possibilidade de a quadrilha ainda se encontrar nas proximidades de Barreiros. “Juntamos um efetivo maior para intensificar as buscas”, afirma o tenente-coronel Alexandre Menezes, comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar, que atende a região. Até o início da noite de ontem, nenhum criminoso relacionado às três ações tinha sido capturado.

No final de setembro, a Força-tarefa formada pelas Polícias Federal, Civil e Militar realizou a prisão de um grupo de dez pessoas (nove homens e uma mulher) responsável por pelo menos dez ações contra bancos no interior do Estado. O grupo foi preso na cidade de Bom Jardim, no Agreste, e com ele foram encontrados explosivos, armamento e uma furadeira de fixação magnética. De acordo com integrantes da Força-tarefa, durante entrevista coletiva realizada na sede da Polícia Federal, no Cais do Apolo, área central da cidade, a prisão da quadrilha inauguraria uma nova era no combate a essa modalidade criminosa. 

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