
O grupo que promoveu o assalto à transportadora Brinks, no bairro de Areias, Zona Oeste do Recife, na madrugada da última terça-feira, seguiu rigorosamente o mesmo roteiro adotado em outras ações semelhantes contra companhias de transporte de valores, registradas no País em 2016. Informações extra-oficiais dão conta de que a quadrilha responsável pelo roubo à Brinks está sendo procurada em Alagoas.
Entre julho e agosto do ano passado, foram quatro investidas do tipo apenas no Estado de São Paulo, e uma no Pará. Em todas pode-se observar as mesmas táticas paramilitares de invasão e uso de explosivos, os tiros na fachada do alvo (para amedrontar seguranças), e o uso de veículos queimados em diversos pontos, para dificultar o acesso da Polícia. Outro ponto em comum é a proximidade que o alvo deve ter de rodovias estaduais ou federais.
ARMAS
Nas investidas sempre se identifica o uso maciço de fuzis, sendo o AK-47 (de fabricação russa, famoso pela robustez e largamente utilizado no Oriente Médio) o preferido. Sempre há pelo menos um exemplar de fuzil calibre .50, capaz de derrubar aeronaves pequenas e de perfurar blindagens.
A primeira investida do ano passado foi contra a transportadora de valores Protege, em Campinas, interior de São Paulo. O assalto aconteceu em março de 2016, e os bandidos levaram R$ 50 milhões da sede da empresa. Um mês depois, em abril, criminosos invadiram, com ajuda de um caminhão e de explosivos, a sede da Prosegur em Santos, litoral paulista, e roubaram R$ 20 milhões. Pouco mais de dois meses à frente, em julho, foi a vez da Prosegur de Ribeirão Preto, também no interior daquele Estado. Valor levado: R$ 51 milhões. Agosto e setembro registraram roubos na Protege de Santo André (Grande São Paulo) e na Prosegur de Marabá (PA).
O histórico, aliado aos depoimentos das pessoas que presenciaram o assalto à Brinks e ouviram “sotaques estranhos”, deixam claro que a quadrilha veio de fora de Pernambuco. Em entrevista concedida na manhã de ontem, o chefe de Polícia Civil, Joselito Amaral, reafirmou que não está descartado o envolvimento de Paulo Donizete Siqueira, o “Vírus”, no assalto. Ele foi preso no início do mês, em Boa Viagem, e é considerado um dos maiores assaltantes de banco do País. [TEXTO]“É claro que ele não atua sozinho. Mas ainda é preciso aguardar o desenrolar das investigações, o leque de possibilidades é imenso”, reforça Joselito.
Nos últimos dois dias, duas pessoas – um homem e uma mulher [TEXTO]– foram presas suspeitas de participação no assalto à Brinks. A Polícia não confirma as identidades dos presos nem a informação de que existem equipes de investigadores no Estado de Alagoas, para onde os criminosos teriam fugido após a investida.