O governo do Estado promete licitar, até o final do ano, as sete barragens que servirão para conter eventuais enchentes no Agreste e na Zona da Mata de Pernambuco. Segundo o presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Roberto Tavares, estão sendo finalizados os levantamentos sobre o estado das obras que ficaram paradas devido à falta de recursos. “Quando uma obra tem trechos remanescentes, é preciso ter cuidado com o que vai ser retirado dos novos orçamentos”, diz. Os R$ 600 milhões que o governador Paulo Câmara disse serem necessários para a conclusão das obras devem vir de várias fontes, como emendas parlamentares, transferências do governo federal e contrapartidas do próprio Estado.
Tavares explica que os municípios de Palmares, Água Preta e Barreiros serão protegidos pelas barragens de Panelas II, Gatos e Igarapeba, enquanto Barra de Guabiraba, Cortês e Sirinhaém contarão com a barragem de Barra de Guabiraba.
Para a diretora de regulação e monitoramento da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), Cristiane Rosal, os danos teriam sido menores caso as barragens estivessem concluídas. “Para se ter uma ideia, Serro Azul segurou metade do volume que caiu na região de Palmares”. O secretário estadual de Planejamento, Márcio Stefanni, ratifica a informação. “Se a barragem de Serro Azul não estivesse pronta, seriam 70 milhões de metros cúbicos de água que chegariam a Palmares, o que seria uma tragédia ainda maior”, diz o secretário estadual de Planejamento, Márcio Stefanni.
INVESTIMENTOS
Questionado sobre o motivo da paralisação das obras, Stefanni disse que o governo foi até onde conseguiu para manter os canteiros funcionando. “Os repasses federais pararam em 2014, mas as obras foram até 2015. O acordo inicial era a União repassar R$ 411 milhões, e o Estado, R$ 15 milhões. No final das contas, colocamos R$ 80 milhões, e o governo federal, praticamente os mesmos R$ 80 milhões”.
“Quando não tinha perspectiva de recursos, o Estado tomou a decisão – acertada, a meu ver – de concentrar recursos em Serro Azul, que era a maior obra. Talvez se o valor fosse distribuído entre as outras, nenhuma estivesse pronta”, explica o presidente da Compesa.
O governo também fala de dificuldades na tramitação dos projetos das barragens desde a cheia de 2010. “Nos últimos sete anos, sete ministros passaram pelo Ministério da Integração Nacional, o que foi um fator de complicação para a continuidade de alguns projetos”, diz Márcio Stefanni, com relação à pasta que concentra as obras de barragens no governo federal.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) informou que vai acompanhar o processo de licitação e execução das barragens destinadas a conter as inundações no interior. Algumas chegaram a figurar em uma lista divulgada no ano passado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), com as obras atrasadas em Pernambuco, cujos investimentos somavam R$ 4 bilhões.
“O povo está cansado de ficar olhando para o passado, quer saber o que vai ser feito a partir de agora”, finaliza Roberto Tavares, da Compesa. Cansado, sem casa, sem roupa e sem esperança. É bom que, desta vez, a promessa não seja em vão.