Caso Itambé

"Não vamos deixar o nome de Pretinho ser esquecido

Em entrevista, irmão de Edvaldo Alves, morto por PMs, diz que memorial manterá viva a lembrança do jovem

Ciara Carvalho
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Ciara Carvalho
Publicado em 15/06/2017 às 7:15
Foto: Bobby Fabisack/JC Imagem
Em entrevista, irmão de Edvaldo Alves, morto por PMs, diz que memorial manterá viva a lembrança do jovem - FOTO: Foto: Bobby Fabisack/JC Imagem
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No dia 11 de abril deste ano, coube ao auxiliar de serviços gerais José Roberto da Silva a difícil missão de buscar o corpo do irmão no IML do Recife para ser sepultado em Itambé. O jovem Edvaldo Alves da Silva foi morto por policiais militares que dispararam um tiro de bala de borracha contra a vítima. “Eu nunca vou esquecer o que eu vi naquele dia. Também não vamos deixar que o nome dele seja esquecido.”

JORNAL DO COMMERCIO – Com a assinatura do acordo, a família tem esperança de que o dinheiro seja pago dentro do prazo?
JOSÉ ROBERTO DA SILVA – Estamos confiantes que sim. E a nossa intenção é usar esse dinheiro para construir um lugar em Itambé, onde a história do meu irmão possa ser contada. Juntar tudo, fotos, objetos, recortes de jornal, a lista das pessoas que foram doar sangue para ele, temos tudo guardado. Será uma homenagem à pessoa boa e alegre que ele sempre foi.

JC – Você acredita que esse memorial pode virar um símbolo contra a injustiça e a impunidade?
JOSÉ ROBERTO - O que nós queremos é que as pessoas lembrem o que aconteceu. E que isso não volte a acontecer jamais. Nunca vou esquecer o dia em que fui buscar o meu irmão no IML do Recife. A forma como costuraram o corpo dele. Só eu sei o que eu vi naquele dia. Apesar da dor, não vamos deixar que o nome dele seja esquecido. Eu quero que as pessoas da cidade e de fora de Itambé possam ir nesse lugar, conhecer quem foi Pretinho, os sonhos que ele tinha na música, na vida.

BENEFÍCIOS PARA ITAMBÉ

JC – No acordo que a família assinará amanhã com o Estado, houve a preocupação de garantir benefícios para a cidade. Vocês pretendem ajudar o município de que forma?
JOSÉ ROBERTO – Em tudo o que for possível. Ele, por exemplo, vivia andando na pista de skate da cidade. Queremos melhorar o piso, ajeitar o que for necessário. Seria bonito se botassem o nome dele na pista, um lugar do qual ele gostava tanto. Tem também melhorias no hospital, nas escolas, como a gente puder ajudar, vamos fazer isso, com certeza.

JC – A denúncia dos PMs por homicídio doloso trouxe esperança de que os acusados sejam condenados e presos?
JOSÉ ROBERTO – Não vou descansar enquanto isso não acontecer. Vamos até o fim. O que eu, minha mãe, minha família e uma cidade inteira querem é ver esses policiais atrás das grades. Eles precisam pagar pelo que fizeram.

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