Sem medicação

Criança de Olinda sofre com falta de medicação na Farmácia do Estado

João Victor tem ausência da hipófise, glândula que produz o hormônio do crescimento. Sem o medicamento há dois meses, a criança pode ter seu crescimento comprometido

Jennifer Thalis
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Jennifer Thalis
Publicado em 26/02/2018 às 22:32
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João Victor tem ausência da hipófise, glândula que produz o hormônio do crescimento. Sem o medicamento há dois meses, a criança pode ter seu crescimento comprometido - FOTO: Foto: Reprodução
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A ausência de um medicamento que auxilia pacientes com disfunções hormonais na Farmácia do Estado vem tirando o sono de muitas pessoas desde o fim do mês de dezembro. A medicação é a Somatropina, substância que é concedida em ampolas e aplicada em injeções e que é responsável por fazer a reposição hormonal daqueles pacientes que têm deficiência.

Um dos pacientes que sofre por falta do remédio é João Victor Martins Spinelli, um garoto de 10 anos que foi diagnosticado aos sete com total ausência da hipófise, glândula responsável por produzir o hormônio do crescimento. “A gente notou que o crescimento dele era anormal. Ele crescia pouco. Fizemos uma bateria de exames e descobrimos o que era”, afirmou o pai da criança, o recepcionista Acyr Spinelli, de 53 anos.

Desde o diagnóstico, o menino é acompanhado por médicos do Hospital das Clínicas da UFPE e todos os dias João Victor precisa tomar uma injeção de Somatropina, medicamento que supre a disfunção e faz com que o menino cresça normalmente.

Não poderá crescer

Sem tomar o medicamento, de acordo com a endocrinologista pediatra Barbara Gomes, que faz o acompanhamento da criança no Hospital das Clínicas da UFPE, o crescimento do garoto é zero. “Sem tomar a injeção ele pode não atingir sequer a altura de um metro e quarenta. Fica como um anão em relação ao tamanho”, reiterou a médica.

O pai da criança afirma que o medicamento está em falta na Farmácia do Estado desde o fim de dezembro. “Eu ligo pra saber se o remédio já chegou mas dizem que ainda está em falta. Eles não dizem o motivo e nem dão previsão de quando pode chegar o remédio”, afirmou seu Acyr, que relatou não poder fazer o tratamento do filho por nenhum outro meio além do SUS pelo alto custo da medicação. De acordo com a endocrinologista que acompanha o seu filho, o tratamento mensal com a Somatropina gira em torno de R$ 2 mil reais.

Ainda segundo a endocrinologista, o paciente estar há dois meses sem tomar a medicação de uso diário pode acarretar danos irreversíveis. “O tratamento tem que ser contínuo, não pode ser interrompido desse jeito, pois tem uma hora que a cartilagem fecha e a criança para de crescer. Não pode deixar o tratamento pra depois. Ele fica pequeno pra sempre”.

Só da médica Barbara Gomes, cerca de 40 outros pacientes fazem uso da Somatropina, estando todos também sem receber o medicamento.

Em nota, a Secretaria Estadual de saúde afirmou que a medicação é disponibilizada em duas apresentações. Uma delas está com o fornecimento atrasado e sem previsão de chegada. A outra está em processo de compra.

Confira a nota na íntegra

A medicação é disponibilizada em duas apresentações. A de 12ui está com a entrega atrasada pelo fornecedor, que já foi notificado oficialmente pela Secretaria Estadual de Saúde. Já a de 4ui está em fase final de compra. 

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