Quase um mês depois de um ciclista ter sido atropelado na Via Mangue, na Zona Sul do Recife, por um motorista com sinais de embriaguez, a prefeitura anuncia que vai testar, na pista Oeste local, a primeira Área de Proteção ao Ciclista de Competição (APCC). Nos próximos três sábados (14, 21 e 28), 4,5 quilômetros da via, no sentido cidade/subúrbio serão interditados para dar segurança aos mais de 200 ciclistas e triatletas que usam a via para treinamento, diariamente. Se o resultado for bom, o espaço se tornará permanente nos dias úteis, das 4h às 6h.
“Esse modelo já existe em vários lugares do Brasil. Em João Pessoa, são 15 quilômetros. No Recife já treinamos na Via Mangue, por questão de espaço. E há um ano e meio tentamos a instalação de uma área de proteção lá. Só quando Allan foi atropelado (Allan Castro Soares, 39) um vereador entrou no processo e o município agilizou tudo. Não precisava disso. Felizmente ele fez uma cirurgia na coluna e está bem”, declara o empresário e ciclista amador Fábio França.
Durante as interdições, quem for para o entorno da comunidade Jardim Beira Rio deverá seguir pela Avenida Herculano Bandeira e girar à direita na Rua Arquiteto Augusto Reinado. Já os condutores que pretendem acessar os demais bairros da Zona Sul deverão utilizar a Avenida Domingos Ferreira.
"O dia e horário para os testes serem realizados não vão comprometer a mobilidade da área, uma vez que o volume de veículos neste momento é bastante reduzido e a rota alternativa, muito conhecida”, salienta o gerente-geral de Operação e Fiscalização da CTTU, Fabiano Ferraz. “Vamos destacar efetivo especial para realizar a operação e garantir que os ciclistas utilizem a área com mais conforto e sem risco de acidentes de trânsito".
A secretária-executiva de Esporte do Recife, Yane Marques, ressalta a importância da ação. "Estamos em constante contato com a comunidade esportiva para, cada vez mais, atender a demanda de todos. Esta ação atende um anseio antigo dos ciclistas e triatletas que sempre procuram por um espaço seguro de treino", afirma.
FALTA NO DIA A DIA
Um dos coordenadores da Associação Metropolitana de Ciclistas (Ameciclo), Daniel Valença, classifica a medida como uma vitória para os esportistas. E observa que era um pleito antigo que podia ter sido atendido sem impacto no trânsito, mas foi preciso ter um ciclista atropelado. “A questão é que há muitos outros ciclistas sendo atropelados em áreas da cidade onde há projeto de rede cicloviária, como as Avenidas Abdias de Carvalho, Beberibe e Mário Melo, esta última está com oito meses de atraso, deviam ter usado os recursos em outro local. Contamos 60 atropelamentos nas duas gestões de Geraldo Julio”, destaca.
A CTTU diz que implantou oito rotas cicloviárias desde 2013 e que há 48,6 quilômetros de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas na cidade, sendo 50,4% instalados durante a atual gestão. Afirma que busca a conexão das rotas novas com as já existentes, priorizando polos de interesse público, como parques e praças. E salienta que o projeto para a Avenida Mário Melo está sendo ajustado (de ciclofaixa para ciclovia) para dar mais segurança aos usuários.