O termo é novo por aqui. Transplante urbano. A iniciativa, também. E começa a ser executada esta semana no Recife, quando uma praça montada na Casa Cor deste ano será levada para outro espaço, o Jardim Secreto do Poço da Panela, na Zona Norte do Recife. Situado às margens do Rio Capibaribe, o Jardim Secreto nasceu pelas mãos de moradores, há um ano e meio, sobre um terreno baldio que acumulava lixo. Agora, vai ganhar bicicletário, bancos em curva, lixeiras e área de contemplação e descanso equipada com carregadores abastecidos por energia solar.
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Todos os equipamentos fizeram parte do Cidade Cor, exposto como uma solução para espaços públicos e projetado pela Concrepóxi Artefatos, já parceira do município em outros projetos. “A empresa nos chamou para conhecer o espaço e achamos que fazia todo o sentido transplantá-lo para alguma área. O Jardim Secreto, além de ser um local que conta com o engajamento dos moradores, também se encaixa no projeto do Parque Capibaribe, na proposta de promover o encontro das pessoas e o encontro do Recife com o rio”, afirma o secretário-executivo de Inovação Urbana do Recife, Tulio Ponzi.
Esta semana começam os serviços de preparação do terreno (de 3 mil metros quadrados, no fim da Rua Marquês de Tamandaré) para receber os equipamentos, devendo estar tudo pronto até o final de dezembro. O investimento é de R$ 100 mil. “Será uma grande melhoria de nosso espaço, que fica cada vez mais atrativo para as pessoas usarem”, declara a arquiteta Barbara Kreuzig, do Coletivo Jardim Secreto.
O JARDIM SECRETO
Atualmente, o jardim conta com um espaço de convivência (onde será instalada a praça), já gramado e com balanços, e uma área de plantio, com sementeira, hortaliças e plantas ornamentais. Um poço foi cavado no local, que recentemente ganhou um sistema de irrigação. “Quando a gente precisa de uma hortaliça vai lá e pega, ou quem passa também pode levar. Um barqueiro amigo nosso é como um guardião do local”, diz Barbara.
A arquiteta lembra que o jardim surgiu com um grupo de sete pessoas, da associação de moradores do bairro, que começaram discutindo o que desejariam para a área. “Depois fizemos medições, pesquisas sobre o terreno e pedimos apoio da prefeitura para a limpeza. Inicialmente foram retirados 15 caminhões de lixo inerte e instaladas seis lixeiras”, declara.
Hoje o coletivo conta com cem integrantes. “Há um grupo menor que é mais regular e se encontra no local todo sábado, em um mutirão para limpar, regar as plantas, fazer implantações de melhorias e discutir coisas novas a fazer”, observa Barbara. “Quando precisamos de uma limpeza maior, capinação, entramos em contato com a Emlurb e eles fazem, o município é um grande parceiro. O jardim é, sobretudo, uma experiência social, integra a comunidade. Conheci melhor meus vizinhos, fiz novos amigos”.
RECIFE DOS ENCONTROS
Tulio Ponzi adianta que, no próximo ano, o objetivo da secretaria é focar na requalificação de espaços vazios da cidade, com o projeto Recife dos Encontros, numa parceria com a população e iniciativa privada. “A primeira obra será em torno da Igreja da Soledade, já no início do ano. Vamos fomentar uma maior proatividade por parte das pessoas, para que elas se apropriem de áreas ociosas e degradadas da cidade”, declara.
Conforme o secretário, iniciativas desse tipo são um reconhecimento do engajamento social, da vontade das pessoas de querer participar da transformação de seu bairro, de sua cidade. “E também um incentivo para a iniciativa privada participar também. O exemplo é muito importante”, destaca.
A requalificação de trinta quilômetros das margens do Rio Capibaribe faz parte do projeto Parque Capibaribe, cujo objetivo é transformar esse espaço em uma grande área verde, integrando 42 bairros. A primeira etapa foi o Jardim do Baobá, um pequeno espaço inaugurado em setembro de 2016, nas Graças, Zona Norte do Recife. A segunda etapa está em licitação. Trata-se da ligação das pontes da Torre e Capunga, por meio de uma via-parque.