Urbanismo

Vila Santa Luzia, na Torre, inaugura horta comunitária

A horta foi construída com apoio de alunos de arquitetura da UFPE e fica às margens do Rio Capibaribe, na Zona Oeste do Recife

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 30/11/2018 às 15:20
Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
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Doze anos atrás, quando a Prefeitura do Recife retirou da beira-rio da Torre palafitas da comunidade Abençoada por Deus, na Vila Santa Luzia, o marceneiro Claudemir Amaro da Silva decidiu tomar conta do trecho da área ribeirinha próximo da casa onde mora. Primeiro instalou uma biblioteca. Depois criou um parque infantil. E assim, evitou a reocupação do lugar oferecendo à população um espaço de lazer comunitário, que ganhará uma horta.

Neste sábado (1º/12), com ajuda de estudantes de arquitetura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), os moradores inauguram mais uma etapa do processo, com a apresentação ao público da horta orgânica da Vila Santa Luzia. “Plantamos pés de pimenta, agrião, alface, berinjela e coentro”, diz Claudemir Amaro, que também providenciou a construção de um deck para contemplação do Rio Capibaribe e do manguezal, na Zona Oeste do Recife.

Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
Ervas medicinais e hortaliças foram plantadas pela comunidade - Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
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Ervas medicinais e hortaliças foram plantadas pela comunidade - Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
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Ervas medicinais e hortaliças foram plantadas pela comunidade - Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
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Ervas medicinais e hortaliças foram plantadas pela comunidade - Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
Ervas medicinais e hortaliças foram plantadas pela comunidade - Foto: Filipe Jordão/JC Imagem

O evento à beira-rio começa a partir das 14h, com feirinha para venda de artesanato e comidas, brechó e venda de mudas de ervas medicinais, hortaliças e plantas alimentícias não convencionais (Pancs). Também haverá bingo – o dinheiro arrecadado servirá para a manutenção do espaço de lazer – e shows de artistas da vila e amigos do projeto. O artista plástico Raoni Assis vai pintar dois painéis em MDF na sementeira da horta, informa Pedro de Andrade, estudante de arquitetura da UFPE.

A criação da horta foi sugerida aos moradores pelo Coletivo Massapê, formado por cinco alunos de arquitetura da universidade e uma profissional da área. Em parceria com o Centro de Ensino Popular e Assistência Social de Pernambuco Santa Paula Frassinetti (Cepas), ONG que funciona na Vila, o coletivo conseguiu aprovar um projeto pelo Fundo Socioambiental Casa da Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 30 mil.

“Fizemos um processo participativo com a comunidade e construímos a horta em quatro mutirões aos sábados, também temos o apoio de uma agroecologista”, diz Pedro de Andrade. Cascas de frutas e verduras são reaproveitadas para produção de composto orgânico que será usado na horta. Folhas recuperadas de podas de árvores realizadas na área pela prefeitura viraram adubo nos canteiros.

O projeto com o Coletivo Massapê se estenderá até fevereiro de 2019. Nesse período, os futuros arquitetos vão promover oficinas de horta caseira, fitoterápicos e autogestão. “Quando a gente sair do projeto, eles terão condições de continuar sozinhos”, afirma Pedro de Andrade. Com a implantação da horta, diz ele, os estudantes tiveram a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos teóricos da faculdade sobre ocupação de espaços públicos.

De acordo com Claudemir Amaro, o espaço de lazer da beira-rio da Vila Santa Luzia (no fim da Rua Silves) já nasceu com o reaproveitamento de material descartado no lixo. Ele transforma pallets em mesas, reconstrói cadeiras e brinquedos e usa mangueiras de plástico para iluminar troncos de árvores com luzes coloridas. “Muita gente usa o espaço para festas de aniversário, casamento, encontro de amigos. Não cobro nada, só peço para devolverem o lugar limpo como receberam”, diz Claudemir Amaro, acrescentando que está tudo pronto para amanhã (1º/12). “Só falta a prefeitura limpar a beira-rio, não temos material adequado para fazer o serviço”, afirma.

RIOTECA

A área de lazer batizada RioTeca (biblioteca do rio) e a horta orgânica têm o apoio da comunidade. “Tudo o que trouxer melhoria para a gente é bem-vindo”, destaca Rita Maria de Andrade, moradora da Vila Santa Luzia há 35 anos. “Uso sempre esse espaço, levo meus netos e brinco com eles. Adultos também gostam de brinquedos. Enquanto tiver batendo com as pestanas vou aproveitar, trabalhamos muito para ter esse lazer”, declara.

"Se não fosse a criatividade de Claudemir, esse trecho também teria sido reocupado com palafitas, como aconteceu em outras áreas”, observa Maria da Penha dos Santos, residente na Vila Santa Luzia há 30 anos. “Todo mundo fala que a prefeitura pretende fazer uma pista nesse trecho da beira-rio, mas nós preferimos a área de lazer. Será uma beleza colher na hora alface sem agrotóxico para uma salada”, completa.

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