Migrantes e refugiados de qualquer nacionalidade que estiverem no Recife passam a contar, a partir de agora, com um espaço onde receberão, gratuitamente, atendimento jurídico, acompanhamento psicossocial, capacitações e aulas de português. A Casa de Direitos, inaugurada ontem, funciona na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), na Boa Vista, área central da capital pernambucana. A oferta dos serviços ocorre num momento oportuno, uma vez que ainda este ano chegarão à cidade 102 venezuelanos, vindos de Roraima. Outros 102 deverão aportar em maio do próximo ano.
A iniciativa é da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2, em parceria com a Cáritas Suíça, o Departamento de Estado dos Estados Unidos e o Instituto Humanitas Unicap. Unidades semelhantes foram instaladas em mais seis capitais brasileiras: São Paulo, Distrito Federal, Boa Vista (RR), Porto Velho (RO), Curitiba (PR) e Florianópolis (SC). A Prefeitura do Recife vai contribuir com o projeto.
“Qualquer estrangeiro que necessite de apoio e orientação encontrará na Casa de Direitos. Informações sobre a retirada de documentos, matrícula em escolas, dificuldades com o idioma, assistência de saúde, por exemplo. Daremos suporte para que possa se integrar à sociedade brasileira”, explicou o representante da Cáritas Suíça, Hubert Eisele. A ação foi batizada de Programa Pana (significa amigo, na língua indígena Warao) e espera atender, no País, 3.500 pessoas.
MORADIA
Os dois grupos de venezuelanos que virão para o Recife terão acesso a moradias. Vão ser alocados em 12 casas e apartamentos situados no entorno da Unicap. “Vamos colocar à disposição toda a nossa estrutura de saberes. Alunos e professores de vários cursos vão contribuir identificando as necessidades dos refugiados e dando os encaminhamentos possíveis”, afirmou o reitor em exercício da Unicap, Márcio Waked.
Inicialmente serão envolvidos estudantes dos cursos de medicina, psicologia, serviço social, direito e letras. “É uma honra contribuir com a generosidade dos brasileiros que estão recebendo e cuidando dos refugiados da Venezuela”, destacou o cônsul dos Estados Unidos no Recife, John Barrett. O governo americano destinou US$ 1,5 milhão ao programa.
“É importante contarmos com um espaço como esse”, elogiou o presidente da Associação Senegalês do Nordeste do Brasil, Amadou Toure. Ele estima que 230 senegaleses vivam no Recife.
ATENDIMENTO
Além de moradia, os refugiados venezuelanos receberão alimentação e kits de higiene. “O grande desafio será inserí-los no mundo do trabalho. Eles terão que encontrar empregos para conquistar autonomia e liberar o espaço das casas para outros que chegarão”, comentou o secretário regional da Cáritas Regional Nordeste 2, Ângelo Zanré. Cada grupo poderá usufruir das habitações por até cinco meses.