O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) negou, por unanimidade, na tarde desta terça-feira (18), habeas corpus para Guilherme José de Lira Santos, de 47 anos, preso por suspeita de matar a ex-esposa, Patrícia Cristina Araújo Wanderley Lira, 46 anos, ao jogar, intencionalmente, o veículo que estavam contra uma árvore, na Boa Vista, Centro. Em sessão da 1ª Câmara Criminal, os desembargadores Fausto Campos, relator, Mauro Alencar e Antônio Carlos entenderam que a soltura representava risco para outros, sobretudo aos dois filhos adolescentes do casal, uma vez que testemunhas relatam ameaças do pai contra eles. Ele está preso há um mês no Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everaldo Luna (Cotel) e teria forjado o acidente por não aceitar a separação.
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Familiares e amigos de Patrícia acompanharam o julgamento, sob muita emoção, e comemoram o resultado com abraços, lágrimas e sorrisos. “Os desembargadores foram muito fiéis às provas. Foi nosso presente de Natal”, declarou o tio da vítima, o professor Marcílio Araújo, bastante emocionado. “Esperamos agora a maior vitória, que será a condenação dele. Não por vingança, mas por justiça. Esse resultado nos dá um pouco de alívio, mas não passa nossa dor. A dor só se acentua a cada etapa que vivemos”.
O caso aconteceu no dia 4 de novembro na Rua Fernandes Vieira, na Boa Vista, Centro do Recife. Patrícia foi buscar os filhos na casa da mãe e acabou saindo no carro com Guilherme. “Eu tenho certeza que ela entrou naquele carro para protegê-lo”, afirma a amiga e madrinha de casamento Dani Portela, que tentou convencer Patrícia a prestar queixa sobre as ameaças do ex-marido horas antes do crime. “Após a batida ele nem acionou socorro, chamou uma irmã e saiu do local”.
CONTROVÉRSIA
Guilherme alegou que perdeu o controle do carro e subiu no meio-fio, mas imagens de câmeras de segurança descartam essa versão. A perícia constatou que não houve sinais de freio em nenhum momento e nem tentativa de desvio, apenas aceleração constante. A colisão teve um impacto de quase uma tonelada sobre a vítima, que estava sem cinto de segurança. Ele saiu ileso. Guilherme foi indiciado por homicídio doloso (intencional) duplamente qualificado (por motivo torpe e feminicídio).
Segundo Dani, a amiga disse que ele passou o final de semana surtado, perseguindo-a, porque ela havia viajado com amigas. “As últimas palavras dela foram de que só queria ter paz e ser feliz. E ele disse a ela que lhe daria a paz que tanto queria, mas ela não entendeu como ameaça a ela e sim a ele mesmo”, observa. “Estamos com o movimento #somostodospatricia para que outras Patrícias se libertem de relacionamentos abusivos e violentos, não se calem. Casos como esse acontecem cotidianamente e a sociedade culpabiliza muito as mulheres”.
Patrícia e Guilherme eram casados há 19 anos. Segundo Dani, ela tentou se separar várias vezes, mas acabava desistindo.Os filhos do casal, de 12 e 14 anos, estão com a avó materna.