A construção de moradias em torno de tubulações da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) não é um problema apenas do bairro de Penedo, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife, onde cerca de 500 famílias terão que deixar o local por risco de vazamento dos canos da adutora Tapacurá. Na Iputinga, Zona Oeste do Recife, o Ministério Público Estadual abriu inquérito civil público para investigar possíveis irregularidades na edificação de casas nas comunidades Airton Senna e Ponte da Salvação.
A Compesa tem um mês para encaminhar relatório técnico à promotora Maria Lizandra Carvalho, da 35ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital – Habitação e Urbanismo, responsável pela abertura do inquérito. Ela pede que a companhia informe a situação da adutora nessas duas comunidades e quais providências foram adotadas.
Na Ponte da Salvação há uma passagem, construída na década de 70, exclusivamente para tubulação da Compesa. É uma alça de distribuição de água que integra os Sistemas Pirapama, Tapacurá e Alto do Céu. Não deveria servir de via de acesso para moradores, mas na prática é o que tem acontecido. Liga os bairros da Iputinga e Monteiro.
“Toda tubulação é benéfica porque leva água para a população. Só precisa haver manutenção”, comenta o aposentado Severino Ramos da Silva, 53 anos, morador da Ponte da Salvação. Em alguns trechos, devido ao movimento de pedestres, motos e bicicletas, as placas de concreto estão danificadas. “O medo é que exploda e destrua nossas casas”, diz a doméstica Elen Lima, 32.
A Compesa informou que a estrutura não deveria ser usada como passagem. Assegurou que “mantém uma rotina de manutenção das placas de concreto, que infelizmente sofre ações de vandalismo e depredação”. Até sexta-feira (22), comunica o órgão, os trechos quebrados serão substituídos. A estatal afirmou ainda que “como se trata de uma tubulação em aço soldável o risco de vazamento é menor. Nesses casos, geralmente os vazamentos são pontuais e de fácil identificação e manutenção”.
TAPACURÁ
Moradores de Penedo vão se reunir hoje com advogados para tirarem dúvidas sobre a desocupação dos imóveis das Ruas das Papoulas e Estrada da Compesa. Na próxima terça-feira haverá uma audiência pública na Câmara de Vereadores. A prefeitura decidiu adiar para a semana que vem a notificação e cadastramento dos moradores.
"Às vezes minha casa fica alagada. A gente tem medo que o cano estoure, mas não tem para onde ir. Quando dá problema, a Compesa vem ajeitar”, diz a dona de casa Charleana Silva, 44 anos