Urbanismo

Mais Vida nos Morros, criado no Recife, recebe aval da ONU-Habitat

Programa Mais Vida nos Morros, lançado em 2016, contempla pintura, recuperação de áreas degradadas, criação de áreas de convivência, além de contribuir com mudanças de comportamento nas partes altas do Recife

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 07/05/2019 às 9:39
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Programa Mais Vida nos Morros, lançado em 2016, contempla pintura, recuperação de áreas degradadas, criação de áreas de convivência, além de contribuir com mudanças de comportamento nas partes altas do Recife - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Há três anos, desde abril de 2016, o Programa Mais Vida nos Morros vem colorindo a paisagem das partes altas do Recife. Mais do que pintar barreiras, muros e casas, a iniciativa está contribuindo também para uma mudança de comportamento nessa região. No Vasco da Gama, vizinhos que nunca tinham se falado hoje trocam ideias sobre o bairro. No Córrego do Jenipapo, moradores ajudam a cuidar de jardins criados pelo programa.

O Mais Vida nos Morros, que beneficiou dez comunidades, onde residem 27 mil pessoas, foi reconhecido como referência nacional para inovação em políticas públicas pelo Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat). “Vamos chegar ao fim deste ano (2019) com mais dez áreas atendidas”, afirma o secretário de Inovação Urbana do Recife, Tullio Ponzi.

Ele apresentou a experiência recifense semana passada, no Rio de Janeiro, na abertura do Laboratório #ODS Week. Iniciado em 2 de maio, o evento promovido pela ONU-Habitat e Prefeitura de Niterói termina quinta-feira (09/05). “O reconhecimento de que as nossas práticas e políticas públicas são inspiradoras ajuda a fortalecer o programa, estamos felizes”, declara o secretário.

O programa, executado com a participação de crianças, jovens e adultos do local, também será divulgado na Bélgica, em 21 de maio próximo, num congresso sobre cidades sustentáveis, informa Tullio Ponzi. O Mais Vida nos Morros contempla pintura de encostas, calçadas e muros, além da recuperação de áreas degradadas, com materiais recicláveis, para receber novos espaços de convivência.

“Começamos como uma estratégia de proteção das barreiras e ampliamos as ações”, diz o secretário. Um dos resultados esperados com o programa é a redução na produção e descarte irregular do lixo. “Estamos aumentando o trabalho de compostagem (produção de adubo orgânico), oferecemos orientações de alimentação saudável, reaproveitamento de cascas de frutas e verduras e construção de mini-hortas.”

Os próximos passos são criar artefatos com plásticos antes jogados em canais e, no segundo semestre, testar o programa Mais Vida nos Morros fora das partes altas da capital. A área escolhida é Brasília Teimosa, Zona Especial de Interesse Social na Zona Sul da cidade.

MORADORES

“O lugar está bonito, mas o melhor de tudo foi a aproximação entre os moradores. Até um grupo de WhatsApp criamos para nos comunicar e trocar informações sobre o bairro”, declara Euclides Bezerra, 59, morador e comerciante no Vasco da Gama, na Zona Norte. Ele disse que vai cuidar do jardim criado em frente ao seu estabelecimento. “Esse tipo de manutenção a gente consegue fazer, mas renovar a pintura da barreira é obra para a prefeitura”, afirma o comerciante.

Gilvan Silva de Lima, 59, morador do Córrego do Jenipapo, Zona Norte, assumiu os cuidados com a área de lazer construída pelo programa Mais Vida nos Morros em 2016. “Varro, coloco cimento quando precisa e molho as plantas. Só não vou pintar porque não posso gastar dinheiro comprando tinta, mas se a prefeitura doar, eu mesmo faço a pintura, e está precisando porque já desbotou tudo”, declara. Ele também arranca as plantas que crescem na barreira em frente à casa onde mora, para evitar acidentes.

No Morro da Conceição, Zona Norte, casas e muros foram pintados de azul, em homenagem à santa que batiza a comunidade. “Ficou tudo muito bonito, mas falta manutenção. Se a prefeitura pintasse novamente seria ótimo”, diz Eunice Galdino de Andrade. O secretário Tullio Ponzi informa que o programa ainda é um protótipo e as pinturas serão renovadas. “O mais importante é a mudança de comportamento”, ressalta.

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