AMBULANTES

Comércio informal divide opiniões no Parque da Jaqueira

Na Rua do Futuro, comerciantes informais vendem mercadorias em carros estacionados em frente ao parque

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Publicado em 03/06/2019 às 8:10
Foto: Leo Motta/ JC Imagem
Na Rua do Futuro, comerciantes informais vendem mercadorias em carros estacionados em frente ao parque - FOTO: Foto: Leo Motta/ JC Imagem
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O comércio informal que rodeia o Parque da Jaqueira, na Zona Norte do Recife, aumentou consideravelmente nos últimos meses. Quem transita pela Rua do Futuro, por exemplo, se depara com a venda de todo tipo de produto e serviço. Tem queijo, carne de sol, água de coco, plantas, camisetas de proteção solar, fantasias, sapatos e até conserto de celular. Enquanto buscam alternativas para fugir do desemprego ou complementar a renda, comerciantes têm dividido opiniões entre moradores da área e frequentadores do parque.

As mercadorias ficam expostas em carros, barracas e food trucks, parados na faixa de estacionamento que contorna um dos lados da Jaqueira. Consumindo ou não, quem passa pelo local acaba dividindo espaço com ambulantes, que assim como Eudes Gomes, começam a trabalhar nas primeiras horas do dia e só vão embora depois do sol se pôr. “O começo da manhã, por volta das 5h30, é o horário que eu mais vendo. Tem gente chegando para caminhar, tem gente indo trabalhar, indo levar os filhos na escola… Depois o movimento para e só retoma por volta das 15h. Se tiver cliente, fico aqui até 19h”, conta o vendedor de sandálias, que já está há três anos no parque.

Quando o final de semana se aproxima, o número de ambulantes cresce. Surgem vendedores de brinquedos, algodão doce e lanches. Como há demanda, o número comerciantes vêm subindo e há cerca de seis meses o aumento começou a incomodar moradores da área, que dizem não ter como estacionar ou andar pelas calçadas, estreitas e danificadas por raízes de árvores “Com tanta gente e informação, o parque perde seu aspecto cultural de área de lazer, de área verde. A rua fica obstruída e quem circula por fora tem a visão de tumulto”, comenta a psicopedagoga Mariza Tranquilino, moradora do bairro da Jaqueira. A presença deles também reflete no trânsito, já que motoristas param, constantemente, ao lado dos veículos dos comerciantes para negociar a compra de produtos.

Já para o professor universitário Carlos Brito, que costuma comprar plantas na Rua do Futuro, a existência do comércio informal pouco interfere no estacionamento dos carros e na mobilidade. “Eu, particularmente, nunca me senti invadido pela presença deles. Também não acho que atrapalhe o trânsito tendo em vista que o próprio parque tem um estacionamento interno. Diante de uma situação de crise, a informalidade é a única opção que algumas pessoas têm e isso precisa ser levado em consideração”, pontua.

Entre quartas-feiras e sábados, o vendedor Marcelo Ouriques expõe suas plantas em frente à entrada principal da Jaqueira. A rotina é a mesma há um ano. No começo, Marcelo levava uma cadeira de casa para descansar enquanto esperava os clientes, mas agora, com o aumento de reclamações contra o comércio informal na área, ele fica de pé para evitar transtornos com quem passa pela calçada. “Eu entendo o lado de quem reclama. Eles compra apartamentos caríssimos aqui ao redor e às vezes não têm vagas aqui ou as calçadas estão cheias, mas também precisam ser compreensíveis com nossa situação. Trabalhar na rua não é fácil”. 

Saída da Rua do Futuro

Um projeto da Autarquia de Urbanização do Recife (URB) pretende requalificar a calçada do Parque Jaqueira na Rua do Futuro. Apesar de não haver data certo para o início dos serviços, ambulantes já se preocupam com a perda do ponto de trabalho, que deve passar um bom tempo em obras.

“A gente sabe que não tem como continuar aqui dividindo espaço com as máquinas durante a requalificação. O jeito é buscar outro ponto, ir para alguma esquina perto para não perder os clientes, vender na internet… O que a gente não pode é ficar sem trabalhar”, frisa o comerciante Luciano Oliveira. Vendendo queijo na Jaqueira há 18 anos, ele está entre os 51 comerciantes informais cadastrados pela Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife (Semoc) para serem realocados. O lugar para onde serão levados, no entanto, ainda não foi definido.

Além dos comerciantes que ocupam vagas do estacionamento com carros, carroças, food trucks e barracas fixas, a secretaria contabilizou ambulantes móveis, bancas de bicho e pontos de aluguel de bicicletas. Nesta semana, segundo o secretário da pasta, João Braga, uma conferência será realizada para definir soluções para a informalidade na Jaqueira. Devem participar da reunião representantes da URB, da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) e da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU). “A gente sabe que precisa disciplinar a ocupação irregular do comércio informal naquela área e vamos pensar em soluções, outros locais, outras ruas. A gente precisa levar em consideração que a informalidade tem aumentado no País todo, mas o movimento na Rua do Futuro está muito grande e não podemos deixar que todo dia chegue mais gente”, pontua o secretário.

A requalificação da calçada da Rua do Futuro está em fase de licitação e faz parte do quinto lote do projeto Calçada Legal. A proposta é que os passeios sejam alargados, priorizando a passagem de pedestres.

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