LEVANTAMENTO

Cabo e Vitória estão entre as cidades médias e grandes mais violentas do Brasil

Os dados são de 2017 e fazem parte de um levantamento que é desdobramento do Atlas da Violência, divulgado pelo Ipea

JC Online
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Publicado em 05/08/2019 às 12:01
Foto: Edson Araújo/Acervo TV Jornal
Os dados são de 2017 e fazem parte de um levantamento que é desdobramento do Atlas da Violência, divulgado pelo Ipea - FOTO: Foto: Edson Araújo/Acervo TV Jornal
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Os municípios do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR), e Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata de Pernambuco, estão entre as 20 cidades mais violentas do Brasil, quando consideradas apenas as de médio e grande porte. Os dados são de um levantamento divulgado nesta segunda-feira (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De acordo com ele, as regiões Norte e Nordeste do Brasil concentram 18 das 20 cidades mais violentas do país. A pesquisa, que contabiliza apenas municípios com ao menos 100 mil habitantes, mostra ainda que o estado de São Paulo tem 14 das 20 cidades menos violentas.

O estudo é um desdobramento do Atlas da Violência que destrincha os dados das 310 cidades médias e grandes do país. Para medir o nível de violência, o Ipea se debruçou sobre a taxa de homicídio por 100 mil habitantes nos municípios brasileiros no ano de 2017.

Os números permitem identificar que as cidades mais violentas e menos violentas apresentam também grande diferença entre os índices de desenvolvimento humano. Segundo o Ipea, as cidades mais violentas, em geral, têm também números piores no acesso à educação, desenvolvimento infantil e mercado de trabalho, enquanto as menos violentas têm indicadores considerados parecidos com os de países desenvolvidos.  

As cidades mais violentas têm, em média, 60% da taxa de atendimento escolar das menos violentas, e o percentual de jovens de 15 a 24 anos que não estudavam, não trabalhavam e eram vulneráveis à pobreza era quatro vezes maior.

A cidade mais violenta do Brasil em 2017 foi Maracanaú, no Ceará, com 145,7 homicídios para cada 100 mil habitantes. No ano do estudo, 308 pessoas foram assassinadas na cidade, que fica na região metropolitana de Fortaleza e tem 224 mil habitantes.

A capital cearense foi a cidade que teve o maior número absoluto de homicídios em 2017, com 2.145 casos, superando até mesmo as cidades populosas do país. O Rio de Janeiro, que tem mais que o dobro de habitantes de Fortaleza, teve 1.850 assassinatos, e São Paulo, que tem uma população quatro vezes maior, teve 1.011 - menos que a metade. Em 2017, Cabo de Santo Agostinho e Vitória de Santo Antão tiveram 198 e 123 homicídios, respectivamente, em números absolutos.

Após Maracanaú, a lista de cidades mais violentas continua com: Altamira-PA, São Gonçalo do Amarante-RN, Simões Filho-BA, Queimados-RJ, Alvorada-RS, Porto Seguro-BA, Marituba-PA, Lauro de Freitas-BA, Camaçari-BA, Caucaia-CE, Nossa Senhora do Socorro-SE, Cabo de Santo Agostinho-PE, Marabá-PA, Ananindeua-PA, Fortaleza-CE, Mossoró-RN, Vitória de Santo Antão-PE, Rio Branco-AC e Eunápolis-BA.

Cidade mais pacífica

A cidade considerada mais pacífica do Brasil foi Jaú, em São Paulo, com uma taxa de 2,7 homicídios para cada 100 mil habitantes. A cidade de 146 mil moradores teve quatro assassinatos em 2017. Indaiatuba e Valinhos, também situadas em São Paulo, ocupam o segundo e o terceiro lugar na lista, que continua com Jaraguá do Sul-SC, Brusque-SC, Jundiaí-SP, Passos-MG, Limeira-SP, Americana-SP, Bragança Paulista-SP, Santos-SP, Araxá-MG, Araraquara-SP, São Caetano do Sul-SP, Tubarão-SC, Mogi das Cruzes-SP, Itatiba-SP, Varginha-MG, Catanduva-SP e Sertãozinho-SP. 

O coordenador do estudo, Daniel Cerqueira, avalia que políticas focalizadas em territórios vulneráveis são a luz no fim do túnel, com iniciativas voltadas para o desenvolvimento infanto-juvenil e para as famílias mais pobres. Ele defende ainda um reforço na qualificação policial e a melhora das condições de encarceramento.

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