O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) lançou nesta terça-feira (13) o programa “Mãos EmPENHAdas Contra a Violência”, que pretende capacitar equipes dos salões de beleza para detectar e orientar clientes que estejam passando por situações de agressões ou abusos. Embaixadora do programa, que foi iniciativa do Poder Judiciário do Mato Grosso do Sul, a atriz e modelo Luiza Brunet também participou do lançamento, que aconteceu no Fórum Thomaz de Aquino, no bairro de São José, área central do Recife.
O objetivo não é que os profissionais façam a denúncia, mas que estejam preparados para identificar sinais de violência doméstica e familiar e possam apoiar para que as vítimas se sintam segurança em denunciar o agressor. “Percebeu-se que mulheres que eram atendidas em salões às vezes apresentavam marcas que em outros locais sequer falariam daquele assunto. Nesses momentos, profissionais vão poder identificar se aquela marca, aquele machucado pode ser fruto de uma agressão. Sempre se escutou que em briga de marido e mulher não se mete a colher, mas mete sim”, explica a coordenadora da Mulher do TJPE e desembargadora, Daisy Andrade.
O projeto ainda está em fase de inicial e as primeiras capacitações devem acontecer no Recife. A proposta, no entanto, deve ser levada para todo o Estado. Segundo a desembargadora Daisy Andrade, as atividades serão ministradas por psicólogos e assistentes sociais das equipes das Varas de Violência Doméstica. A iniciativa também recebeu o apoio do Instituto Maria da Pena (IMP), que participará das capacitações. Para Regina Célia Barbosa, presidente do Instituto, o programa será uma ferramenta importante na luta contra a violência. “Muitas mulheres usam a beleza para disfarçar a dor e, quando os profissionais de beleza estão capacitados para ouvir e indicar locais de ajuda, elas se sentem muito mais seguras”, explica. Entre as formações estão os cursos de área de cidadania, Lei Maria da Penha e empoderamento feminino.
Relato
Estados como São Paulo, Pará e Piauí também estão participando do programa, que tem como representante a atriz Luiza Brunet. Durante cerimônia de lançamento no Recife, na presença dos órgão participantes, da secretária da Mulher do Estado, Silvia Cordeiro, e da deputada Gleide Ângelo, Luiza falou sobre a importância das denúncias para a quebra do ciclo de violência, que muitas vezes é perpetuada com o passar das gerações. “Eu espero que possa contribuir e colaborar, como eu já tenho feito, através da minha voz e contando minha história. Eu fui agredida aos 54 anos de idade. Sofri agressão física e resolvi não me calar porque acho que meu papel como mulher e cidadã é contribuir para uma sociedade mais justa e poder dizer para as mulheres que, se precisarem fazer a denúncia, o façam, porque é uma forma de você não morrer. De não chegar ao feminicídio”, pontua.