O parto de uma adolescente de 15 anos é alvo de denúncia por parte da família da jovem, que não teve o nome revelado. Isso porque a expectativa era de uma gravidez que daria à luz a dois meninos. Porém, após uma cesária no Hospital Memorial Guararapes, em Prazeres, Jaboatão, no dia seguinte à sua internação, apenas um dos bebês foi entregue. A família busca esclarecimentos para saber se o erro foi, de fato, dos exames que apontaram a gravidez de gêmeos ou da equipe médica do hospital. O caso está com a Polícia Civil, que já intimou os médicos e o corpo técnico para prestar esclarecimentos.
Segundo a família da jovem, durante os nove meses de gravidez, dois ultrassons foram realizados em clínicas privadas diferentes e, em ambos, foram mostrados dois fetos. O último exame foi feito no dia 8 de agosto, aos oito meses de gestação da jovem.
Para a família não havia dúvidas. Os exames identificavam o peso, posições e medidas dos dois fetos. Os procedimentos foram realizados com pediatras especializados em nascimento de gêmeos. A adolescente começou o pré-natal nos primeiros quatro meses de gestação e passou por quatro consultas com médicos diferentes no Instituto Humanize.
De acordo com a avó, o hospital não permitiu que ela entrasse na sala até que a segunda pediatra chegasse ao bloco cirúrgico. E que, quando entrou, já estavam realizando procedimentos em sua filha, mas não sabe se alguma criança já tinha nascido naquele momento.
"Quando chegou na porta, me informaram que ela ia entrar, que ia organizar a sala de cirurgia e que eu tinha que esperar uma roupa chegar. Eu aguardei. Isso tudo demorou meia hora. Depois que eu entrei na sala de cirurgia, minha filha já estava deitada, já estava anestesiada e eles já estavam mexendo", disse a avó. "A única coisa que eles diziam é que isso acontece, que era erro clínico. Eu fiz 'como se as ultrassons acusavam gêmeos,'", complementou a mãe da adolescente.
Ela só assistiu ao parto de um dos netos e, por isso, questionou os médicos sobre a outra criança ainda na sala de cirurgia, e eles, segundo ela, alegaram a possibilidade de erro no exame de ultrassom realizado pela mãe, pois não havia outro feto.
Explicações
Em contrapartida, o Memorial Guararapes nega que tenha impedido a entrada da avó. Por meio de nota, a instituição certifica que ela assistiu a todo o procedimento ‘desde o início da incisão para a cesariana até a saída do bebê’, e que o parto ocorreu sem intercorrências.
Alega ainda que ela ‘também acompanhou os procedimentos de verificação da equipe médica no intuito de ter a certeza de que não havia outro bebê, sendo, de fato, constatado que não se tratava de uma gestação gemelar (de gêmeos)’.
O Instituto Humanize, encarregado do pré-natal, afirma que a jovem já chegou à primeira consulta, no quinto mês, com uma ultrassonografia recente que evidenciava uma gestação gemelar, e fez quatro consultas, sendo a primeira com a enfermeira e as três últimas com o médico. Na terceira, trouxe um ultrassom realizado há poucos dias que também constatava a presença de dois fetos.
O exame trazia a informação de que um bebê pesava em torno de 2200 gramas e outro de 1800 gramas, com placenta única. Na última consulta, a médica encaminhou a jovem para a maternidade, pois casos de placenta única requerem interrupção prematura e já havia passado este tempo.