Milhares de pessoas participaram, nesta sexta-feira (1), da 13° Caminhada dos Terreiros de Pernambuco, no Centro do Recife. O tradicional cortejo, que teve como objetivo quebrar o preconceito para com as religiões de matriz africana, reuniu famílias, amigos, admiradores e irmãos de fé. Com o tema “Mexeu com um(a), mexeu com todos(as)”, os participantes pediram respeito e liberdade para expressar sua crença.
“A intenção é tornar o público descendente de matriz africana mais forte porque a repressão e a intolerância religiosa continuam existindo e nós continuamos nesta luta contra toda essa situação que acontece. O jovem negro morre, a mulher negra morre, o povo negro morre e muitas vezes não temos um retorno. Em geração de tanta violência e intolerância. A gente luta contra isso”, explicou Lyon Aguilera, organizador da Rede de Articulação Caminhada dos Terreiros de Pernambuco.
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O ato abre o Mês da Consciência Negra e celebra a força de religiões ancestrais do povo negro, como o candomblé, a jurema e a umbanda. Com um trio elétrico e uma alegoria, a marcha percorreu as avenidas Marquês de Olinda, Ponte Maurício de Nassau, Avenida Martins de Barros, Praça da República, Rua do Sol, Avenida Guararapes e Avenida Dantas Barreto até o Pátio de São Pedro.
Juberleide Barbosa, 66 anos, seguiu a caminhada por todo trajeto e afirma que o movimento é uma forma de quebrar preconceitos. “Somos discriminados porque somos negros, pobres, porque tem muitos homossexuais (entre as pessoas de religião de matriz africana), então estamos aqui proclamando pela igualdade. Nós somos iguais a qualquer outra pessoa. A finalidade é gritar porque terreiros são invadidos, apedrejados, em alguns ambientes somos discriminado, alguns irmãos precisam negar a religião para serem aceitos. Queremos nosso espaço do jeito que os evangélicos, por exemplo, têm. Direito a ir na rua, fazer caminhada, fazer culto, nós também temos o direito de ir para a rua fazer nossa caminhada”, revindicou.
O mesmo pensa Patricia Maria, 42, que estava com sua filha e sua no evento, e relata que sofre injúrias em seu dia a dia apenas pelo fato de ser umbandista. "Ninguém quer aceitar nossa religião. Fica recriminando, xingando, mas não é para ser. É para todo mundo ser unido, todo mundo é filho de Deus. No dia a dia, são muitos atos descriminatórios. Olham feio, mandam se afastar, falam que é catimbozeira. Mas eu não vou esconder quem eu sou. Minha família toda é, quem não é, respeita", explicou.