Fardo de Borracha

Fardo de borracha de navio que naufragou em 1941 aparece em Itamaracá

As ''caixas misteriosas'' já tinham sido vistas no litoral do Rio Grande do Norte e do Ceará

JC Online e O Povo
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JC Online e O Povo
Publicado em 02/11/2019 às 14:25
Foto: Renata Reynaldo/Cortesia
As ''caixas misteriosas'' já tinham sido vistas no litoral do Rio Grande do Norte e do Ceará - FOTO: Foto: Renata Reynaldo/Cortesia
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As "caixas misteriosas" vistas no litoral do Rio Grande do Norte e do Ceará voltaram a aparecer. Desta vez, a ocorrência foi registrada na praia do Sossego, em Itamaracá, Região Metropolitana do Recife (RMR), de acordo com relatos feitos neste sábado (2). Na verdade, os objetos que chamaram a atenção de quem caminhava pela praia são fardos de borracha que vieram de um navio alemão naufragado em Pernambuco, na década de 1940.

A origem dos fardos foi desmistificada por Pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Através de estudos dos dados históricos, físicos e biológicos, a equipe concluiu que os fardos vieram do navio alemão SS Rio Grande, naufragado na costa do Recife, em Pernambuco, em 1941.

"Estávamos investigando a hipótese de que esse naufrágio, que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, era a fonte do óleo, já que este material, por coincidência, chegou aos mesmos locais nos quais os fardos chegaram no ano passado. Além disso, o navio carregava uma grande quantidade de óleo combustível quando afundou", afirma o professor Carlos Teixeira, oceanógrafo físico do Labomar.

"Como resultado desse estudo sobre o óleo, acabamos descobrindo a origem dos fardos. Miramos em um problema e acertamos em outro", acrescentou o pesquisador.

A partir de uma inscrição que estava nas caixas, a equipe fez uma pesquisa utilizando registros históricos sobre naufrágios e conseguiu identificar o navio, que está afundado a 1 mil km da costa de Recife e se encontra a aproximadamente 5,8 km de profundidade. Além de Carlos Teixeira, os professores Luis Ernesto Bezerra e Rivelino Cavalcante, também do Labomar, fizeram simulações no computador, tomando como base a direção e intensidade das correntes oceânicas e dos ventos, calculadas a partir da posição do naufrágio.

"Uma coisa que também estamos fazendo - no caso, o professor Luís Ernesto - é estudar os organismos que estavam nas caixas de borracha, para comprovar esta hipótese. As cracas, por exemplo, não se desenvolvem a 5 mil metros de profundidade, que é a profundidade onde o navio se encontra. Elas só se mantêm perto da superfície. Através do cálculo da idade delas, teríamos uma ideia de quanto tempo as caixas estiveram boiando", explica.

Os fardos começaram a aparecer nas praias de Alagoas no dia 24 de outubro de 2018, sendo a primeira ocorrência no Ceará registrada apenas dois dias depois. Caucaia, Camocim e Aracati foram os primeiros locais no estado. Em Fortaleza, os primeiros pacotes chegaram após cinco dias, na praia do Serviluz. Pesando cerca de 100 kg e identificados um mês depois pelo laboratório do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL) como sendo composto por borracha, a origem deles permaneceu como um mistério até o estudo anunciado pelo Labomar. No dia 8 de outubro, o governo de Sergipe anunciou o uso de boias da Petrobras na foz do São Francisco para evitar que o óleo suba o curso do rio. No dia seguinte, no entanto, foi informado pela estatal que não havia equipamentos disponíveis.

 

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