RELIGIÃO

Auto de Natal, inspirado em dom Helder Camara, será uma celebração ao amor

Peça será mostrada às 18h na Igreja das Fronteiras, na Boa Vista, área central do Recife, com entrada franca

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 20/12/2019 às 21:10
Foto: Clemílson Campos / Acervo JC Imagem
Peça será mostrada às 18h na Igreja das Fronteiras, na Boa Vista, área central do Recife, com entrada franca - FOTO: Foto: Clemílson Campos / Acervo JC Imagem
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“Como está Cristo dentro de cada um de nós? Largado? Abandonado? Esquecido? Invisível? Quem está se preparando para o Natal?”. Essas são algumas das indagações feitas pelo arcebispo emérito de Olinda e Recife, dom Helder Camara, registradas em escritos das décadas de 60 e 70 do século passado. Reflexões que vão conduzir o Auto das Fronteiras – um Natal com Dom Helder, que será encenado neste sábado (21) e domingo (22), com entrada gratuita, na Igreja de Nossa Senhora das Fronteiras, na Boa Vista, área central do Recife, sempre às 18h. O espetáculo, a exemplo do que pregava o sacerdote, falecido 20 anos atrás, em agosto de 1999, será uma celebração ao ecumenismo e ao amor.

“Não esperem um Auto de Natal comum. Será um auto político, social, progressista, engajado com a renovação da Igreja Católica que surgiu com o Papa Francisco e defendida por dom Helder. Pensamos o Evangelho não alienado, social”, ressalta o ator Júnior Aguiar, do Coletivo Grão Comum. Ele escreveu e dirige a peça, além de representar o próprio Dom. “Passei dois meses e meio mergulhado nos escritos de dom Helder sobre o Natal. Um dos diferenciais do auto é ter sido baseado naquilo que o arcebispo escreveu”, explica Júnior. Outro aspecto é o lugar. “A peça será encenada numa igreja barroca secular, na casa que dom Helder escolheu para viver”, complementa.

Somente ele e outros dois atores são profissionais (Asaías Rodrigues, interpretado Jesus adulto; e Augusta Ferraz como Nossa Senhora da Assunção das Fronteiras). Os demais integrantes da peça são pessoas comuns. “Maria e José, por exemplo, são representados por um casal afrodescendente que tem quatro filhos e mora na periferia de Olinda. Misturamos atores e não atores. Queremos desmestificar raça, origem, e mostrar que Deus pode estar em qualquer corpo, em qualquer lugar, em qualquer família”, explica Júnior.

CANTOS SAGRADOS

Logo no início, o público vai ouvir um mantra em sânscristo antigo, num convite para iluminação e purificação. Haverá projeções de imagens e mais de dez músicas durante a encenação. Um dos momentos mais esperados deve ser a entrada dos três Reis Magos. Um deles será o monge beneditino Marcelo Barros, para lembrar a Igreja Católica e o Cristianismo. O outro é o líder xamã Fulni-ô Megaron Matos, representando os povos indígenas. E o terceiro, o aborixá Alexandre L’ómi L’ódò, do candomblé.

“Os Reis Magos da peça simbolizam o que dom Helder defendia. Uma sociedade inclusiva, que convive com as diferenças, com visão universal. Estamos com muita expectativa e felizes com esse auto de Natal, baseado nos escritos do dom e encenado na Igreja das Fronteiras”, destaca o diretor executivo do Instituto Dom Helder Camara (Idhec), Antonio Carlos Maranhão de Aguiar. A peça tem apoio da Fundarpe.

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