Nem todas as obras do artista plástico Francisco Brennand, que morreu nessa quinta-feira (19), aos 92 anos, estão em ótimo estado de conservação. Algumas delas sofrem com o abandono do poder público no Grande Recife. Veja no fim da matéria a nota oficial da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer do Recife.
Feita para relembrar a Batalha dos Guararapes, a escultura que fica às margens da BR-232, no bairro do Curado, Zona Oeste do Recife, está marcada por pichações. Além disso, falta cerâmica no pedestal e a obra está isolada entre as plantas por não haver sequer um caminho para que moradores e turistas conheçam esta importante peça.
Na UR-7, no bairro da Várzea, também na Zona Oeste da cidade, a escultura que homenageia Padre Cícero está cercada por objetos que maculam a obra, que hoje está ladeada por uma imensa lona de publicidade rasgada. Além disso, um outdoor foi colocado bem atrás da escultura, tirando a atenção que deveria ser dada à homenagem ao "Padim Ciço", que foi criada por Francisco Brennand para substituir imagens feitas em gesso, que, geralmente, dado o material no qual foram confeccionadas, acabavam quebrando.
Já na Praça 11 de Junho, na Avenida Cruz Cabugá, área Central do Recife, há três monumentos do artista. São painéis em homenagem a Batalha do Riachuelo. Uma das obras está pichada e faltando pequenas pedras de cerâmicas em sua composição. Além disso, os monumentos ficam em um praça pouco movimentada e que, aparentemente, serve como abrigo para moradores de rua. Como não há banheiros públicos nas redondezas, são encontradas também fezes humanas no local.
Na Rua do Sol, entre as ruas Matias de Albuquerque e Rua Nova, no bairro de Santo Antônio, no Centro, há um prédio que tem desenhos de Brennand de 1968. Na parte em que há trabalho do artista, não há pichações. Porém, nas cerâmicas brancas existem muitos riscos e pichações, o que prejudica a estética da obra. A recepcionista Jaqueline Rocha lamenta o ato de vandalismo e fala da importância da obra como referência para a cidade. "Tenho recordação da minha infância. Eu sempre li que aqui tinha obras de Francisco Brennand e é muito antigo. Para chegar na Rua Nova, esse prédio é referência. Eu sempre decorei o local por causa disso", afirmou.
Também no bairro de Santo Antônio, há um painel na Rua das Flores. No momento, está havendo uma obra em um banco onde o painel fica e, por isso, ele está coberto por tapumes. A reportagem do JC flagrou, também, que a o monumento feito por Brennand está servindo para escorar materiais de construção. A escultura está no local há mais de 30 anos e aparenta um bom estado de conservação, apesar da sujeira.
Parque das Esculturas
No Parque de Esculturas, no Bairro do Recife, o cenário é o mesmo: monumentos vandalizados. Quem visita a Coluna de Cristal, uma das obras mais visitadas no Recife, sofre com o forte odor de urina. Na parte interna, pichações e paredes mal rebocadas. No piso do local, pedras faltando, que causam poças d'água.
Também no Parque das Esculturas, a maioria das esculturas de pelicano também sofre com o vandalismo. Isabella Costa, funcionária pública, que estava visitando o parque, lamentou o atual estado das obras. "Eu fiquei com pena quando vi que os pelicanos foram retirados e outros estão sem cabeça. É uma pena. O piso também está precisando dá uma ajeitada", disse.
Ao JC, a secretária de Turismo, Esportes e Lazer do Recife, Ana Paula Vilaça, informou que reparos nos monumentos devem ser executados, por etapas, a partir do primeiro semestre de 2020. "O Parque das Esculturas foi completamente requalificado em 2013 e, ao longo desse tempo, fomos realizando manutenções. Ocorre que, por ação do vandalismo, muitas obras foram danificadas. A gente novamente entrou em contato com o responsável pela reforma que houve em 2013, Jobson Figueiredo, que trabalhava com Brennand, e ele fez um levantamento do custo dessa requalificação e nos encaminhou. São aproximadamente R$ 2 milhões", explicou.
